Page 71 - Ação integrada de formação de professores
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O mundo virtual fez profundas alterações, principalmente nas concepções de espaço e
                                 tempo. Não há mais distância, território, domínio e espera: vive-se o aqui e o agora. O
                                 virtual usa novos espaços, novas velocidades, sempre problematizando e reinventando
                                 o mundo. A virtualidade leva também a passagem do interior ao exterior, e do exterior
                                 ao interior – os limites não mais existentes e há um compartilhamento de tudo. Os
                                 dois  bens primordiais  do  ponto  de  vista  econômico  com  características  próprias  e
                                 diferenciadas dos outros bens são a informação e o conhecimento, pois o seu uso não faz
                                 com que acabem ou sejam consumidos (BORGES, 2000, p. 28).

                 As novas tecnologias, os novos mercados, as novas mídias, os novos consumidores
           desta era da informação e do conhecimento, no entender da autora, conseguiram transformar
           o mundo em  uma grande sociedade  globalizada e globalizante. Entretanto, o ser humano,
           nesse contexto, mantém peculiaridades, sendo ‘o único ser dotado de vontade, inteligência
           e conhecimento, capaz de compreender  os desafios  e definir os passos  que direcionarão
           seu próprio futuro’ (BORGES, 2000). Sendo assim, a escola necessita propiciar o acesso ao
           conhecimento, como possibilidade de compreensão dos significados e como oportunidade de
           o indivíduo situar-se no espaço/tempo que partilha com os demais, buscando atribuir sentido
           à realidade vivida.
                 Transcorridos quase vinte anos do século XXI, observamos que a mera disponibilidade
           de recursos eletrônicos em sala de aula não configuram, por si só, a inovação e o despertar
           do interesse dos educandos. É necessário utilizar as tecnologias para o enriquecimento das
           situações de ensino e aprendizagem, auxiliando os indivíduos a avançarem no desenvolvimento
           do raciocínio lógico, das diferentes linguagens,  do conhecimento científico, da criticidade
           diante dos acontecimentos de seu tempo e da criatividade na resolução de problemas.


           Considerações finais

                 Aprender a aprender é um dos pilares da educação, de acordo com a UNESCO. Trata-
           se de um desafio considerável, pois implica a superação da memorização, em busca de uma
           aprendizagem  com  sentido  e significado,  que possibilite ao  indivíduo  a construção  de  sua
           autonomia, enquanto inserido  num mundo  partilhado com  os  demais  e numa sociedade
           caracterizada pelo acesso à informação e ao conhecimento.
                 Em  seus  escritos  sobre a crise  na educação,  Arendt  (1972, p. 231) alerta para as
           consequências vivenciadas a partir da modernidade, da ênfase atribuída  ao fazer em
           detrimento do compreender. O pragmatismo4 incide sobre as práticas educativas, acarretando
           a substituição do aprendizado pelo fazer.




           4   Assim como Freire  considera que o pragmatismo influencia na configuração do processo educativo,
               enfatizando os saberes técnicos e práticos, em detrimento do conhecimento de mundo, Arendt acusa o modelo
               pragmatista de comprometer a autoridade do professor, situado no mesmo nível dos estudantes. Contudo, é
               preciso considerar as opiniões de Ghiraldelli Jr. e Castro (2014, p. 109), segundo as quais estes posicionamentos
               são equivocados, pois resultam na crença amplamente difundida de que a pedagogia pragmatista enfatiza a
               aplicabilidade do conhecimento, a capacidade do educando e do educador para relacionar a teoria a situações
               práticas, corriqueiras do dia a dia. Os autores comentam que o cerne da proposta pragmatista, como a de
               Dewey, é a aprendizagem por meio da atividade. “Ao conseguir engajar o educando na busca de solução e
               respostas para problemas, o educar não está só educando-o externamente, [...], mas também estará ajudando-o
               a amadurecer as ferramentas intelectuais que farão dele um adulto criativo e colaborativo”. Por isso, é preciso
               evitar uma leitura rasa do pragmatismo. O que se pretende é alertar que, na educação, os conhecimentos úteis
               e práticos são tão importantes quanto os saberes teóricos, não aplicáveis diretamente no cotidiano.


           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   70
           FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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