Page 96 - Ação integrada de formação de professores
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de aula, o professor deve adotar a postura de estar “[…] aberto a indagações, à curiosidade,
às perguntas dos alunos, a suas inibições;[...]” devendo se portar como “[…]um ser crítico e
inquiridor, inquieto” na sua tarefa que é “[…] a de ensinar e não a de transferir conhecimentos”.
Uma vez compreendida a necessidade de rever o papel do professor no processo de
ensino-aprendizagem, é importante compreender quais são os elementos pedagógicos que
estruturam esta metodologia. É fato que a (re)significação do papel do professor permite que
sejam exploradas diferentes possibilidades de interações entre o professor e o aluno. Entretanto,
embora significativa, ela representa apenas um dos elementos numa intrincada cadeia de
interações disponíveis e necessárias para a aprendizagem significativa. O reposicionamento do
professor nesta estrutura permite explorar outra importante interação, que é entre os alunos.
É importante que fique claro que, embora sejam tratadas como inovações, na verdade,
é fácil encontrar embasamento teórico em clássicas teorias de ensino e aprendizagem. Por
exemplo, Rego (1995, p. 110), remetendo Vygotsky, afirma que a aprendizagem se dá por
meio da interação social, ou seja, “através dos outros que as relações entre sujeito e objeto
de conhecimento são estabelecidas”. Este tema também é explorado na revisão teórica dos
princípios das MAs, por Diesel; Baldez; Martins (2017). Em sua contribuição, os autores buscam
encontrar convergências entre as teorias clássicas de ensino e aprendizagem, como as de
Vigostky, Dewey e Ausubel e as metodologias ativas de ensino. Destacam que a metodologia
ativa no processo de ensino não é algo novo uma vez que “trata-se de uma abordagem de
ensino com fundamentos teóricos consagrados”.
Por fim, para que as MAs possam apresentar resultados na direção da intencionalidade
pela qual são definidas ou eleitas, é necessário que os participantes do processo as assimilem
no sentido de compreendê-las (BERBEL, 2011). Diante deste cenário, é necessário conhecer uma
melhor atuação na prática em sala de aula através dessas metodologias, que contribua para a
formação crítica do aluno, a preparação para o trabalho e o desenvolvimento da autonomia
intelectual do educando. A seguir, entre as diversas estratégias metodológicas existentes e
praticadas, capazes de contribuir com a construção do conhecimento do aluno, destaca-se a
Instrução por Pares e o Aprendizagem Baseada em Projetos.
A Instrução por Pares
A Instrução por Pares (do inglês Peer Instruction) é uma estratégia centrada no estudante
e na interação com seus pares que popularizou-se com Eric Mazur, um professor de Física
de Ensino Superior. A ideia central era aplicar uma série de testes de múltipla escolha, com
tempo controlado, na sequência da explicação de um conceito para avaliar a capacidade de
compreensão dos alunos. A efetividade do método foi apresentada por Mazur (1997), ao
mostrar que aumentou a compreensão dos conceitos por parte dos estudantes em comparação
com os métodos tradicionais.
Além de tornar as aulas dinâmicas, a análise das respostas em tempo real permite guiar
os alunos rumo à compreensão do conceito abordado, explorando a interação entre os alunos.
A concretização da estratégia deve ser implementada da seguinte maneira.
• Passo 1 - Conceituar: Nessa etapa, o professor deve utilizar a sua metodologia de
preferência para abordar o conceito envolvido. Podem ser utilizados experimentos,
laboratórios virtuais, explanação oral, entre outros. É importante que esta etapa seja
feita de maneira clara e concisa, com duração máxima de 15 minutos.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 95
FORMAÇÃO DE PROFESSORES