Page 99 - Ação integrada de formação de professores
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Na matemática, é necessário que os problemas trabalhados pelos alunos sejam reais, que
a matemática seja compreendida a partir de um contexto real, invertendo o caminho tradicional
em que primeiro trabalha-se o abstrato e depois procuram-se as aplicações práticas. É aí que
reside o poder do PBL, pois o foco deixa de ser a pura manipulação algébrica, mas permite ao
aluno construir o saber observando o meio e buscando a solução para problemas reais com os
quais se depara. “Não dar a resposta pronta, ou a solução aos problemas encontrados pelos
alunos, mas orientá-los a investigar, alimentando-lhes o prazer de descobrir, pela pesquisa e
pela próprio esforço, as respostas que querem” (MARTINS, 2001, p.11).
Ao trabalhar com projetos, o professor prepara o aluno para viver num mundo em
constante transformação, que requer um ser autônomo, crítico, participante e criativo, capaz
de transpor para a prática a bagagem cultural conquistada. Ao favorecer o desenvolvimento
de projetos interdisciplinares nas aulas, o professor cria espaços para reflexão na ação e sobre a
ação, redirecionando sua proposta pedagógica de acordo com os interesses e necessidades dos
alunos.
[...] As pesquisas evidenciaram que aqueles métodos que mais favorecem o
desenvolvimento mental são os que levam o aluno a pensar, que o desafiam a ir sempre
mais além. São, sobretudo, aqueles que o levam a começar um processo por meio de
ações externas socialmente compartilhadas, ações que irão, mediante o processo de
internalização, transformando-se em ações mentais. Isso vem confirmar os estudos de
Vygotsky sobre zona de desenvolvimento proximal (MOYSÉS, 2001, p,45).
O currículo disciplinar que até hoje sustentou o paradigma educacional brasileiro,
no qual as inúmeras áreas do conhecimento ficavam limitadas ao pequeno espaço de cada
disciplina, reforçou a fragmentação do próprio conhecimento, impossibilitando, desse modo,
que o educando estabelecesse importantes relações e, através delas, desenvolvesse suas
potencialidades e capacidades de maneira global.
A interdisciplinaridade ou o “currículo integrado” é justamente uma tentativa de
propor ao trabalho escolar um caráter realmente reflexivo, a partir da troca entre as diferentes
disciplinas do programa. Ver a educação sob a ótica interdisciplinar é encarar os problemas
sob uma nova visão, é admitir que soluções dependem da contribuição das diversas áreas do
conhecimento, e assim, conforme as necessidades ou características de cada circunstância,
construir a aprendizagem.
Dessa forma, cada área contribui na medida e no momento em que se fizer necessária,
redimensionando as atividades propostas e estendendo o limite de possibilidades do trabalho
escolarizado. A proposta interdisciplinar permite (re)significar a própria postura do educador,
pois deixa de ser uma ação solo e transforma-se numa construção coletiva de buscas e trocas
muito bem orquestradas, cuja essência respeita a natureza da vida: uma rede de relações que se
sustenta e evolui através de uma troca natural.
A seguir, apresentamos uma adaptação da organização proposta por Martin (2001), que
pode ser utilizada para a implementação do PBL:
• Passo 1 – Tema: A escolha do tema deve envolver um problema que se deseja
pesquisar e encontrar a solução.
• Passo 2 – Projeto: Os alunos devem compreender as finalidades do projeto que
estão executando e, a partir de uma metodologia científica, devem avaliar e elaborar
hipóteses sobre a temática.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 98
FORMAÇÃO DE PROFESSORES