Page 93 - Quarentena_1ed_2020
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precisos, pois variam de lugar para lugar e ainda há muito que não
se sabe sobre a propagação da doença.
Vamos chamar o dia de hoje de “dia 1”. Suponhamos que um
indivíduo, que vamos chamar de Jack, seja infectado pelo contato
com uma pessoa que pegou o vírus alguns dias antes. Jack se torna
contagioso para os outros no quarto dia, mas sem sintomas apare-
cendo naquele dia. Os sintomas, como tosse, dificuldade em respi-
rar e febre, começam no dia cinco e Jack permanece infeccioso e na
comunidade até o dia nove. Nesse ponto, a maioria dos indivíduos
se recupera ou pelo menos se torna muito menos infecciosa para os
outros. Os que tiverem menos sorte acabam no hospital e, nos casos
mais graves, morrem. Esses números variam de acordo com o caso,
mas estão amplamente alinhados com o cronograma estabelecido
nos estudos atuais.
Durante os dias quatro a nove, Jack circula na comunidade, es-
pecialmente se seus sintomas são leves, potencialmente passando
a infecção para outras pessoas. Digamos que ele faça em média 16
contatos diários com outras pessoas, algumas mais breves, outras
mais. A maioria desses contatos não infecta a outra pessoa, mas de
vez em quando o contato de fato infecta a outra pessoa, no traba-
lho, no teatro, do outro lado da mesa da sala de jantar ou em algum
outro lugar.
Jack é contagioso para os outros por seis dias (durante os dias
quatro a nove), durante os quais faz 96 contatos no total e infecta
2,4 outros indivíduos (o número reprodutivo ou o número de in-
fecções secundárias geradas por uma pessoa infectada pelo novo
coronavírus - acredita-se estar entre dois e 2,6, de acordo com mo-
delos do Imperial College). Nesse cenário, chega-se a cerca de 40
contatos para cada infecção, novamente um número aproximado
amplamente consistente com as evidências sobre a taxa de trans-
missão da doença.
Existem duas maneiras principais de parar a pandemia. A pri-
meira maneira - a abordagem hoje amplamente usada em todo o
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