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mesmo sabendo que sua propositura é a porta de entrada para o
inferno de Dante, uma vez que sela a finitude do que resta de vida
civilizada.
Se estivéssemos em 2011/13, nosso olhar estaria voltado para a
era de rebeliões que se expandia mundialmente. A geração “nem
estuda e nem trabalha” na Espanha, os precários inflexíveis em
Portugal, o Occupy Wall Street nos Estados Unidos, explosões na
França, Inglaterra e Grécia. Explosão em vários países do Oriente
Médio. Nós vivemos, entretanto, uma era de rebeliões que não se
converteu em uma era de revoluções, porque são dois fenômenos
sociais bastante distintos. Um pode se metamorfosear no outro,
mas exige uma processualidade complexa, que inexistia nas rebe-
liões de massa daqueles anos.
Ao contrário, aquela era de rebeliões foi obstada pelo advento
de uma era de contrarrevoluções, de que foram exemplos a eleição
de Donald Trump nos EUA, de Boris Johnson na Inglaterra e de
vários governos fascistas e de extrema-direita na Hungria, Áustria,
Polônia, etc. Adentrávamos, então, em uma era de contrarrevolu-
ções. Mas a história é imprevisível e muitas vezes impiedosa. E sabe
como ela pode começar a passar? O Trump tem grandes chances
de ser derrotado pelo coronavírus e por uma crise econômica que
ele não imaginou que pudesse chegar aonde chegou. E se o Trump
cair, o Bolsonaro pode “se desmanchar no ar”. Se o Trump perder as
eleições em 2020, a extrema-direita e o fascismo perdem o seu ba-
luarte mundial. E, com as consequências sociais previsíveis, pode
ressurgir uma nova era de revoltas. Isso porque uma crise brutal na
era da mundialização do capital traz também, em seu bojo, a pos-
sibilidade da mundialização das rebeliões e das lutas sociais. Vale
lembrar que está em curso uma forte revolução feminista, contem-
plando por certo uma ampla disputa de perspectivas e concepções,
mas que traz em seu ser a ideia central do fim de tantas opressões.
As respostas do grande capital estão mais do que evidenciadas:
um modelo antissocial, fundado na acumulação capitalista e na
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