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o que descontando o crescimento demográfico implica que esta-
            mos parados no nível de uns 8 anos atrás. E tudo foi feito “para
            proteger o país do déficit” atribuído à irresponsabilidade de Dilma
            Rousseff que “devia ter aprendido que uma dona de casa tem de
            gastar apenas o que tem”. Para registro, anotem os déficits apresen-
            tados no Resultado Fiscal do Governo Central, entre 2012 e 2019.
            O déficit foi de R$ 61 bilhões (1,3% do PIB) em 2012, 111 em 2013,
            passando para 272 em 2014 (já com a reversão política), 514 em
            2015, 478 em 2016, 459 em 2017, 426 em 2018, e 400 em 2019. Em
            suma: Joaquim Levy, Henrique Meirelles, Paulo Guedes ou quem
            seja viraram campeões de déficit, prejudicando seriamente a vida
            do grosso da população.
               A questão é que esses recursos, que não foram investidos na
            população, tampouco entraram no governo – e se tivessem entra-
            do teria equilibrado as contas –, mas não entraram e foram para
            algum lugar... Se vocês consultarem o site do Tesouro Nacional vão
            constatar que o governo tem transferido em juros, essencialmente
            para bancos e outros aplicadores financeiros, entre R$ 300 e 400
            bilhões por ano, dinheiro que precisamente deixou de ir para edu-
            cação, segurança e o SUS. Consultem a fonte, acessem http://www.
            tesouro.fazenda.gov.br/pt_PT/resultado-do-tesouro-nacional, cli-
            quem em “Resultado Fiscal do Governo Central – Estrutura Nova”,
            e embaixo acessem a tabela 2.1. (Por alguma razão deslocaram re-
            centemente os dados da tabela 4.1 para 2.1, vá lá entender). Vejam
            as linhas IX, X e XI, os números estão lá, discretos mas firmes,
            apontando a farsa. Aliás, a PEC 10/2020, a “da guerra”, desvincula
            gastos do controle, “exceto os recursos vinculados ao pagamento da
            dívida pública.” (Par. 6)
               Não há nenhum mistério quanto à paralisia econômica. Quando
            se reduziu a capacidade de compra da população, as empresas tive-
            ram de reduzir o ritmo de produção – hoje estão trabalhando com
            menos de 70% da capacidade – e demitir seus empregados. O de-
            semprego dobrou e se mantém nas alturas, com apenas um pouco



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