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“GRIPEZINHA”

                              O NEOFASCISTA BOLSONARO


                                           DIANTE DA EPIDEMIA







                                                              Michael Löwy  92





                    m dos fenomenos mais inquietantes dos ultimos anos é o es-
               Upetacular ascenso, no mundo inteiro, de governos de extre-
               ma direita, autoritarios e reacionarios, em alguns casos com traços
               neofascistas: Shinzo Abe (Japâo), Modi (India), Trump (USA),
               Orban (Hungria) e Bolsonaro (Brazil) sâo os exemplos mais conhe-
               cidos. Nâo é de surpreender que varios dêles reagiram à épidemia
               do coronavirus de forma absurda, negando ou sub-estimando dra-
               maticamente o perigo. Foi o caso de Trump nas primeiras sema-
               nas, e de seu discipulo ingles, Boris Johnson, que chegou a propor
               que se deixasse o conjunto da populaçâo se infectar com o virus,
               para assim “imunizar coletivamente” toda a naçâo - claro, com o
               custo de algumas centenas de milhares de mortes…Mas diante da
               crise, os dois tiveram de recuar, no caso de Boris Johnson, sendo êle
               mesmo gravemente atingido.
                  O caso do Brasil é entâo especial, porque o personagem do
               Palacio da Alvorada persiste em sua atitude “negacionista”, carac-
               terizando o coronavirus como “gripezinha”: uma definiçâo que




               92  Sociólogo. Diretor emérito de pesquisas do  Centre National de la Recherche
                   Scientifique (CNRS). É autor de Estrela da manhã: marxismo e surrealismo (2018),
                   entre outros.



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