Page 144 - Quarentena_1ed_2020
P. 144
Atualmente, as informações que surge a respeito do compor-
tamento inicial da economia indicam a existência de estrangula-
mentos importantes. Se acrescidos à especificidade de situações
preexistentes nas atividades produtivas e financeiras em cada país,
tendem a conformar horizonte inviável de recuperação do conjunto
das atividades econômicas no curto prazo.
Em sendo assim, as ações governamentais podem expressar o
sentido geral errático. Apesar da magnitude em termo de volume
dos recursos disponibilizados por países, o foco parece se concen-
trar mais no curtíssimo prazo, quando os gargalos identificados
podem estar requerendo planejamento de médio e longo prazos.
Em geral, as atuais intervenções governamentais tendem a re-
petir o que já havia sido realizado exitosamente em 2008. Naquela
oportunidade, a crise estava assentada originalmente na esfera cre-
ditício-financeira a contaminar a economia real.
Por isso, a aquisição de títulos tóxicos/podres pelos bancos cen-
trais e a inundação de recursos públicos para os agendes privados
de parte dos tesouros governamentais contribuíram para o estan-
camento da crise no tempo contido. Em outros países, como nos
BRICS, por exemplo, a solução encontrada passou pelo avanço do
crédito público a programas de financiamento produtivo.
Além dos programas de estímulo à produção e aos investimen-
tos em infraestrutura, a difusão dos mecanismos de garantia da
renda à população, sobretudo aos mais vulneráveis. Tudo isso se
mostrou anda mais positivo, evitando a elevação da desigualdade,
conforme observada na maior parte dos países que optaram por
ajudar especificamente às grandes corporações empresariais em
detrimento aos mais pobres.
Até o momento, ao que parece, a natureza da crise na saúde pú-
blica a contaminar a economia brasileira requer ações de novo tipo.
Ou seja, o conjunto de medidas que desagradam à lógica capitalis-
ta, recuperando o papel do Estado em novas bases.
144