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Dona Isabel, Fiação e Tecelagem Lutfala), siderurgia (Nitriflex S/A
– Indústria e Comércio, Cia. Bras. de Cimento Portland Perus),
energético (Força e Luz Criciúma S.A) e complexo de audiovisual
(Encine Audiovisual), gráfica (editora José Olympio) e de educação
(Sindacta).
A receita gerada por esse ciclo inical de privatização foi esti-
mada em US$ 274 milhões à época e com impacto sobre 157 mil
empregos enquanto resultado direto da venda, em grande parte,
das empresas privadas falimentares que tinham sido recuperadas
anteriormente pelo Estado, através dos financiamento do BNDES.
Por fazer parte da doutrina de Segurança Nacional, a privatização
na ditadura não contemplou empresas que eram consideradas fun-
damentais para o desenvolvimento nacional e o fortalecimento do
setor privado.
Na segunda metade da década de 1980, sob o governo civil de
Sarney (1985-1990), derivado da aliança entre PMDB e PFL, ocor-
reu o segundo movimento do ciclo de reestruturação do setor pro-
dutivo estatal. A perspectiva gerada pelo interesse original de cons-
tituição de grandes holdings gestoras do aparato estatal, conforme
o modelo italiano do segundo pós-guerra de reconstrução econô-
mica terminou sendo substituída pela simples privatização de 18
empresas estatais, o que resultou em receita de US$ 549 milhões e
impactos sobre 82 mil empregos.
Na “Era dos Fernandos”, entre 1990 e 2002, a prevalência do
receituário neoliberal demarcou o terceiro movimento no ciclo de
restruturação do setor produtivo estatal. Em realidade, o aprofun-
damento da onda interna da privatização correspondeu a gran-
des resultados efetivos, o que a colocou na segunda maior posição
privatizante do mundo á época, somente inferior ao desmonte da
URSS. No Brasil foram vendidas 123 empresas estatais, com receita
de US$ 75 bilhões e impactos sobre 546 mil empregos.
Em geral, o discurso privatista da época tinha como argumen-
to central, a ineficiência das empresas públicas decorrente de sua
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