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para trás, assim, a antiga estrutura que já era imperfeita de com-
petição intracapitalista, pois constituída por grupos econômicos
quase exclusivos de produção e distribuição de bens e serviços no
mundo globalizado.
O gigantismo concentrador das propriedades acompanha o salto
tecnológico, sobretudo das informações e comunicações. Com isso,
a monopolização avançada do capitalismo permitiu descentralizar
a estrutura de produção e distribuição de bens e serviços em dis-
tintos fragmentos territoriais, cuja dinâmica de enclave econômico
questiona a autonomia do sistema interestatal que emergiu do se-
gundo após guerra mundial no século passado.
Assim, não mais que 600 localidades no mundo compreendem
parcela majoritária do sistema de valorização do capital. Esta se-
gunda tendência capitalista impôs o apequenamento dos Estados
nacionais perante o gigantismo das corporações transnacionais,
cuja dimensão do faturamento anual supera a totalidade do Produto
Interno Bruto de muitos países.
Somente 11 do conjunto de 200 países existentes nos dias de hoje
no mundo possuem orçamento governamental superior ao fatura-
mento das grandes corporações transnacionais. Simultaneamente
ao enfraquecimento do papel dos Estados nacionais, bem como da
Organização das Nações Unidas (ONU) que protagonizava o sis-
tema interestatal, emergiu uma espécie do senado global a ocupar
a coordenação capitalista através do Fórum Econômico Mundial
(FEM).
Dessa forma, anualmente pelo menos, o FEM se reúne e atrai
representantes governamentais de várias nações para que recebam
orientações de como administrar o capitalismo em seus países. Ou
seja, a subordinação da política aos interesses econômicos domi-
nantes, o que tem esvaziado a força do voto do eleitor e tornado
cada vez mais descrente a experiência da democracia.
Neste mesmo sentido a terceira tendência que consagra o ca-
pitalismo atual decorre do estágio avançado de consolidação
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