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Outra  presença  ilustre  do  liberalismo  no  governo  brasileiro
               transcorreu com o controverso personagem Roberto de Oliveira
               Campos na condição de ministro do planejamento no início da
               Ditadura Civil-Militar (1964-1985), uma vez que foi acompanha-
               da da criação inimaginável de 274 empresas estatais. Antes disso,
               no período denominado de populista, Roberto Campos havia sido
               um dos idealizadores da Petrobrás, durante o governo de Getúlio
               Vargas (1951-1954), e presidente do BNDES e participante, ainda,
               do Plano de Metas no governo JK (1956-1961).
                  Na crise da dívida externa, logo no começo dos anos de 1980,
               as bases pelas quais a sociedade urbana e industrial encontrava-
               -se sustentada sofreu forte impcato, começando a ruir. Nesse sen-
               tido, o receituário do Fundo Monetário Internacional adotado pelo
               último governo da Ditadura Militar (João Figueiredo, 1979-1985)
               gerou nos anos de 1980 a primeira década perdida do século 20 na
               economia brasileria, o que a distanciou da rota de incorporação dos
               avanços da terceira Revolução Industrial e Tecnológica.
                  Com  a  estatização  da  dívida  externa  promovida  durante  o
               Governo Figueiredo (1979-1985), o último do período autoritário,
               os grandes grupos do setor privado foram salvos de sua ineficiên-
               cia. Em contrapartida, os encargos privados decorrentes do endivi-
               damento externo foram transferidos para o Estado, que promoveu
               recessão, desorganização das finanças públicas, superinflação e
               endividamento interno promotor da ciranda financeira que compôs
               parte significativa da herança negativa do regime autoritário na
               ttransição para o ciclo políico da Nova Republica (1985-2016).
                  Assim teve início o ciclo de reestruturação do setor produti-
               vo estatal constiduído nas cinco décadas anteriores de promoção
               do projeto de industrialização nacional. O primeiro movimento
               entre os anos de 1981 e 1984 aconteceu com a privatização de 20
               vinte empresas nos setores de papel e celulose (Rio Grande Cia.
               de Celulose do Sul, Florestal Rio Cell, Indústria Brasileira de
               Papel – Indrapel), têxtil (Cia. América Fabril, Fábrica de Tecidos



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