Page 52 - Quarentena_1ed_2020
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de uma parte maior da humanidade sobre a loucura do rumo que
estamos tomando.
O que fazer agora?
Neste momento, é terrivelmente falso afirmar que “primeiro a
gente cuida da vida das pessoas, depois da economia”, pois se a
economia se desintegrar, a saúde e a vida das pessoas se desintegra-
rão juntos. Também é terrivelmente falso, e perverso, afirmar que
a gente “tem que cuidar da economia primeiro senão vai ser pior
para a vida dos pobres” porque se a saúde pública se desintegrar, a
economia desintegra junto.
As medidas necessárias a serem tomadas são simultâneas no
campo da saúde pública e da economia. Não só para salvar a maior
quantidade de vidas humanas, como para garantir a menor desor-
ganização de nossa economia.
A única opção moralmente responsável nesse cenário de incer-
teza é nos basearmos no melhor que a ciência tem a oferecer para
tomar nossas decisões. E segundo ela, precisamos radicalizar a
quarentena e o isolamento social, com testes maciços.
Este livro terá especialistas muito mais gabaritados do que eu
para abordar em detalhes esse problema. Mas não é difícil enten-
der que com um vírus que tem uma taxa de letalidade alta e uma
transmissibilidade idem, o isolamento social de todos aqueles que
não estão diretamente envolvidos na manutenção de atividades es-
senciais cumpre o objetivo de distribuir ao longo do tempo o con-
tágio com o vírus e ganhar tempo para preparar os hospitais, testar
medicamentos paliativos e diminuir a quantidade de doentes na
rede de saúde.
A tragédia em Milão e em Nova York nos ensina bem o que
acontece quando isso não é feito.
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