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Economistas eminentes alertaram “que esse processo conduziria a
uma economia de baixo crescimento e baixos salários, sugerindo
medidas bastante simples para evitá-los. Mas os grandes arquitetos
do Consenso de Washington optaram pelos efeitos previsíveis, que
incluem lucros elevadíssimos” .
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O Consenso de Washington é um conjunto de princípios orienta-
dos para o mercado, traçados pelo governo dos Estados Unidos e pelas
instituições financeiras internacionais que eles controlam, em 1989,
e por eles mesmos implementados de formas diversas, geralmente
como rígidos programas de ajuste estrutural. “Resumidamente, as
suas regras básicas são: liberalização do mercado e do sistema finan-
ceiro, fixação dos preços pelo mercado (‘ajuste de preços’), fim da
inflação (‘estabilidade macroeconômica’) e privatização”. Tudo isso,
claro, com mínima intervenção estatal” .
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Para que se tenha ideia do resultado das políticas aplicadas, em
1971, antes de Nixon alterar todo o equilíbrio do sistema econômi-
co global pós-guerra, “90 por cento das transações financeiras in-
ternacionais tinham alguma relação com a economia real (....). Em
1995, cerca de 95 por cento de um valor total imensamente maior
era de natureza especulativa (...)” .
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No espaço de vinte e cinco anos, o neoliberalismo patrocinou
um cenário de baixo crescimento, se comparado a outros períodos
e engendrou uma desigualdade semelhante à de 100 anos atrás .
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Relatório da ONG internacional Oxfam, divulgado em 18.1.16, re-
velou que o patrimônio do 1% mais rico do mundo ultrapassou, em
2015, a riqueza de 99% da população mundial, pela primeira vez .
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51 CHOMSKY, Noam. As pessoas ou o lucro. Bertrand Brasil: São Paulo, 2002, p 26.
52 Ibidem, p. 22.
53 Ibidem, p. 26.
54 MASON, Paul. Pós-capitalismo: um guia para o nosso futuro. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017, p. 13.
55 Disponível em https://www.brasil247.com/pt/247/mundo/213656/Riqueza-dos-
1-mais-ricos-supera-a-de-99-no-mundo.htm.
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