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A crise financeira mundial atingiu o seu ponto culminante em
               setembro de 2008 com colapso do banco estadunidense Lehman
               Brothers. Eliminou 13% da produção e 20% do comércio mundial
               e produziu uma fase de depressão que, mesmo antes da pandemia
               de Covid-19, não afastava a possibilidade de uma estagnação de
               longo prazo .
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                  A ordem capitalista internacional foi desestabilizada pelo co-
               lapso financeiro, que atingiu débitos soberanos de países da União
               Europeia. Além disso, abalou ainda mais a confiança nos Estados
               Unidos, já em declínio, especialmente desde a guerra contra o
               Iraque (2002).
                  A fim de reduzir os impactos da crise sobre as respectivas eco-
               nomias, os Estados ocidentais promoveram ajuda financeira aos
               setores mais críticos, injetando bilhões de dólares. A previsão era
               de que os pacotes de ajuda evitariam demissões de trabalhadores
               e mitigariam as drásticas consequências das turbulências no setor
               financeiro. Ocorre que essas ajudas determinaram a redução da ar-
               recadação dos governos e a ampliação do déficit orçamentário.
                  Por meio de programas de austeridade, as dívidas dos bancos
               foram transferidas aos aposentados e pensionistas, com a destrui-
               ção dos sistemas previdenciários e elevação drástica da idade de
               aposentadoria, bem como aos trabalhadores, com a eliminação de
               direitos e a redução de salários. Enfim, a austeridade se traduziu
               em ataque aos direitos sociais da atual e das futuras gerações.
                  O sistema bancário “fantasma” se reconstituiu, sob os mesmos
               fundamentos que o conduziram à quebra de 2008, e é hoje maior do
               que então. “A dívida global combinada de bancos, negócios domés-
               ticos, empresas e Estados elevou-se em 57 trilhões de dólares desde a
               crise e atinge cerca de três vezes o PIB global” . Em 2018, 26 pessoas
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               controlavam a mesma riqueza que 3,8 bilhões de pessoas.



               56  MASON, op. cit., p. 30.
               57  Ibidem, p. 32.



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