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a balança comercial dos Estados Unidos com a Europa e o Japão
               passou a favorecer a estes últimos.
                  Nessa conjuntura, o presidente Richard Nixon, em agosto de
               1971, resolveu desvincular o dólar do padrão ouro e agregou uma
               sobretaxa de 10% a todas as importações da Europa para os Estados
               Unidos. O governo norte-americano descumpriu seu compromisso
               relativo à conversibilidade do dólar ao ouro “sem a menor atenção
               para com o interesse daqueles diretamente atingidos por tal deci-
               são e, de fato, sem a mínima preocupação com as severas impli-
               cações de sua ação unilateral para o futuro do sistema monetário
               internacional” .
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                  A crise tornou-se estrutural na década de 1970. Após as déca-
               das de ascensão contínua do sistema do pós-guerra, com o final
               da “Guerra Fria” a questão do desemprego foi alterada substancial-
               mente, porque deixou de se limitar a um “exército de reserva”, a
               ser ativado nos momentos de expansão produtiva do capital, para
               assumir um caráter crônico, o chamado “desemprego estrutural”. 49
                  Os sinais de desmantelamento do Bloco Soviético favoreceram
               as eleições de Margareth Tacher, em 1979, e Ronald Reagan, em
               1980, criando as condições para a implementação de uma nova fase
               do modelo de produção capitalista, caracterizada pela globalização
               e pelo neoliberalismo, estruturado a partir dos postulados da de-
               nominada Escola de Chicago, que pôs fim às políticas keynesianas.
                  Durante as décadas de 1980 e 1990, a crescente crise da domi-
               nação  econômica  norte-americana  e  suas  consequências,  como
               “a erupção de grandes contradições no interior da Comunidade
               Econômica Europeia, ameaçando-a de colapso”, sublinharam
               a ação de forças que definem uma crise estrutural do capital .
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               48  MÉZÁROS, Istivan. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 42.
               49  MÉZÁROS, Istivan. O século XXI: socialismo ou barbárie. São Paulo: Boitempo,
                   2003, p. 22.
               50  MÉZÁROS, Istivan. A crise estrutural do capital. São Paulo: Boitempo, 2009, p. 83.



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