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cientistas e estabelece os limites que a espécie humana não deve
            ultrapassar para evitar danos ao clima, solos, oceanos, camada de
            ozônio, água doce e biodiversidade abundante. Entre os dois anéis
            está a massa, ou seja, o atendimento das necessidades das pessoas e
            do meio ambiente.
               Também é comum que se aponte o modelo chinês como opção
            ao neoliberalismo. Anjuli Tostes, no artigo Pandemia, populismo
            e nova ordem social, que integra esta obra, adverte que “embora
            a China politicamente funcione em torno do Partido Comunista
            Chinês - PCC, no seio do qual a vida estatal acontece, no âmbito
            econômico vigora atualmente a economia socialista de merca-
            do, introduzida a partir das reformas levadas a cabo por Deng
            Xiaoping em 1978”, e que seria “um estágio preliminar do desenvol-
            vimento socialista chinês”. Ocorre que, segundo a autora, a “‘eco-
            nomia de socialista de mercado com características chinesas’ não
            se diferencia hoje o suficiente para servir como um contraponto
            ao capitalismo ocidental, como foi o modelo soviético”. Para ela,
            não há “nada realmente substantivo em termos de ruptura com o
            sistema capitalista, ao menos não por agora, enquanto o processo
            socialista chinês não está consolidado”.
               É de ver que a China, apesar de todo soft power acumulado, não
            tem condições, neste momento, de absorver as dívidas dos demais
            países, fixar regras explícitas e instituir um novo sistema mone-
            tário global, como fizeram os Estados Unidos, após a Segunda
            Guerra Mundial .  Portanto, provavelmente, não haverá algo
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            como Bretton Woods.
               Ofilósofo eslovenoSlavoj Žižek vislumbra a emergência de uma
            espécie de novo pensamento comunista, distante do comunismo
            histórico, como produto da crise do Covid-19. Diferentemente
            do que sustentam alguns analistas, Žižek não acredita que
            surjam novostotalitarismos, pois crê no fortalecimento dos laços


            79   MASON, op. cit., p 64.



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