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Possivelmente não teremos um mundo mais aberto ao trân-
            sito de pessoas. Por que cessaria a repressão brutal às balsas de
            africanos e refugiados do Oriente Médio que tentam cruzar o
            Mediterrâneo em direção a Europa? A propósito, agora a extrema
            direita do “Velho Mundo” ganhará um argumento “sanitário” -
            mesmo sem nenhuma base epidemiológica - para intensificar este
            procedimento. O racismo que já existe está sendo reeditado com
            os contornos dados pelo COVID-19, em especial direcionado aos
            asiáticos, até como recalque ocidental. O grau pós-pandêmico de
            isolamento das nações e o impacto na dimensão cognitiva do re-
            lacionamento entre pessoas de diferentes culturas é algo difícil de
            mensurar a priori, no entanto, o que tudo indica é que a xenofobia
            tende a ganhar mais espaço.
               Há exceções evidentemente. Países com tradição na execução de
            atividades de solidariedade internacional, como é o caso de Cuba,
            seguem fazendo o que sempre fizeram, enviando equipes de saúde
            para colaborar com a assistência aos doentes em várias partes do
            mundo. A China agora inaugura uma nova fase do seu posicio-
            namento internacional, pois passa a ser, além de uma parceira co-
            mercial, uma aliada no fornecimento de equipamentos de saúde,
            muitas vezes fora do escopo de interesses mercantis.
               As exceções são bons exemplos, são a prova que as sociedades
            sob a orientação socialista, com economia planificada e com so-
            berania nacional estão mais aptas a enfrentarem desafios huma-
            nitários. Porém, a lição de solidariedade dada aos povos esbarra
            nos obstáculos dos poderes estabelecidos sobre cada um deles.
            Reconhecer a eficácia e pertinência dos exemplos socialistas é um
            preço alto demais para o establishment da maioria das nações, sig-
            nifica reconhecer o próprio fracasso societal. Grupos de poder não
            abdicam voluntariamente dos seus métodos de controle social, e a
            ideologia anticomunista é um destes; para eles, a pandemia sempre
            será um mal menor do que o socialismo.





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