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Privilégio da Servidão, como escravidão digital. Isto porque se en-
contram na informalidade que predomina nessas empresas, onde
vigora uma enorme manipulação que “converte” a crescente força
de trabalho em “prestadores de serviços” e, portanto, desprovidos
de direitos. Agora constatamos que essa alquimia empresarial se
torna letal na era da pandemia.
II
O que é farão, então, neste contexto pandêmico?
Não foram poucas as devastações sociais que vimos presencian-
do. Só nestes últimos anos, ingressamos em um universo societal
laborativo – a “sociedade da terceirização total” - quando o Temer
e o Congresso nos impuseram inicialmente a liberação da tercei-
rização. Era evidente que ingressaríamos em uma tragédia anun-
ciada para um amplo contingente da nossa classe trabalhadora. E
este cenário se agudizou ainda mais com a reforma trabalhista do
Temer (que foi de fato uma contrarreforma). Dentre tantos aspectos
nefastos, que têm sido intensamente discutidos, liberou-se também
o perverso trabalho intermitente, que se tornou “legal” e “formal”.
Mas é bom enfatizar que se trata de algo que “legaliza” o vilipêndio,
de um “formal” que legaliza a informalidade.
Com Bolsonaro, o quadro se tornou verdadeiramente desespe-
rador para a classe trabalhadora. O ex-capitão e o seu posto (ou
poste?) Ipiranga, só pensam na economia e externam um enorme
desprezo à vida dos assalariados/as, que são as maiores vitimas da
pandemia. Sua dilemática é áspera: se voltarem ou permanecerem
em seus postos de trabalho, se convertem em reais candidatos à
vala comum dos cemitérios. Se acatarem o isolamento e a quaren-
tena, morrerão de fome.
A proposta do (des)governo de oferecer R$ 600,00 durante três
meses (vale lembrar que a proposta inicial de Guedes era de R$
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