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E como podemos ver agora, de repente o mundo inteiro recorre, no-
            vamente, ao keynesianismo. A Europa pede um novo Plano Marshall.
            Os EUA pedem um novo New Deal. É claro que nós, no Brasil, temos
            que pedir um novo plano de recuperação como o de Vargas, em 30.
               O que essa crise deixa claro é que o Estado terá que liderar os
            esforços de empresas e indivíduos para que a sociedade não co-
            lapse. Isso é verdade tanto no enfrentamento inicial da pandemia,
            quando no enfrentamento à crise que se seguirá a ela.




            Uma oportunidade para a mudança


               Queria, nos entanto, deixar aqui uma mensagem de esperança
            nesses dias tão doídos para a humanidade.
               Muito me marcaram as palavras do Papa Francisco para uma
            Praça de São Pedro deserta: “Na nossa avidez de lucro, deixamo-
            -nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos de-
            tivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e
            injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso
            planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando
            que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente.”
               A longo prazo, minha esperança é que essa pandemia ajude a
            maioria da humanidade a descobrir que já estávamos vivendo numa
            grande tragédia mais profunda: a da cultura do consumismo irracio-
            nal misturada com o neoliberalismo criador da super desigualdade.
               Talvez, isolados em casa, obrigados a viver com muito menos
            consumo mas muito mais tempo para a família, menos desloca-
            mentos, o mundo aprenda não só que muito do que se faz hoje nos
            trabalhos pode ser feito de dentro de casa, mas principalmente, que
            o excesso de bens materiais não está nos tirando só dinheiro, mas,
            como diz Pepe Mujica, o tempo para mantê-los.
               Nas últimas décadas, transitamos de um padrão de busca da
            felicidade no ambiente subjetivo, espiritual, como a busca da justiça



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