Page 64 - Quarentena_1ed_2020
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visível, latente, nua e crua. De nada adiantavam iates, mansões,
            escritórios luxuosos e cofres cheios de jóias diante de um sistema
            de saúde débil e de milhões de pessoas vivendo em condições sa-
            nitárias péssimas. Afinal, a única maneira de proteger-se de ver-
            dade, perceberam, era ter todos protegidos, com suas necessida-
            des atendidas. A doença de um significava o risco de todos. Ou,
            como sabiamente disse o Papa Francisco diante de uma Praça de
            São Pedro vazia numa cena que jamais será esquecida: “achamos
            que seríamos capazes de nos salvar sozinhos e não percebemos que
            ninguém se salva sozinho”.
               Um mundo que maximize a necessidade e não o desejo das pes-
            soas é um mundo menos frágil, mais resiliente e, aprendemos, mais
            feliz. Se a lição histórica que o vírus que trancou mais da metade do
            mundo em casa, matou centenas de milhares de pessoas e destruiu,
            mesmo  que  temporariamente,  a  economia  mundial  servirá  para
            desenharmos um futuro diferente ainda é cedo para dizer. Porque
            para isso precisaremos enfrentar um inimigo ainda mais forte do
            que o vírus. Nossos desejos.

































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