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Terça-feira, 17 de março de 2020 fui dormir acalentado por in-
               suspeitadas declarações dos comentaristas da Globonews. Depois
               de longa temporada tocando o realejo de Paulo Guedes, “Não tem
               dinheiro”, a turma dos Marinho proclamou, quase em uníssono:
               “As pessoas fazem parte da economia.” Eureka!!!
                  Tenho a impressão que as pessoas brasileiras já estavam nos ar-
               rabaldes da economia, muitas desempregadas, outras sobrevivendo
               à custa de pedaladas nas plataformas de comida ou detonando a
               saúde no transporte uberizado.
                  O site da Bloomberg informa que “Até falcões do déficit apoiam
               grandes gastos para combater a crise do vírus”. O jornalista Peter
               Coy entrevistou três figurinhas carimbadas da ortodoxia econô-
               mica: Gregory Mankiw, de Harvard, foi conselheiro econômico-
               -chefe do presidente republicano George W. Bush e é autor de um
               livro best-seller de Macroeconomia; Glenn Hubbard, ex-reitor da
               Columbia Business School, também foi conselheiro econômico-
               -chefe de Bush; e Alberto Alesina, de Harvard, patrono da austeri-
               dade expansionista, uma das pérolas mais cobiçadas por economis-
               tas da estirpe de Paulo Guedes.
                  Hubbard foi incisivo: “Embora a política não possa compensar
               o choque de oferta, ela pode garantir que a demanda não afunde.
               Enviar cheques para indivíduos de baixa e moderada renda seria
               útil e deveria ser possível. Os mercados estão precificando cenários
               terríveis por causa da queda da confiança. Um grande programa
               de infraestrutura tranquilizaria as empresas a respeito da demanda
               futura — os projetos não precisam estar “prontos” para que isso
               funcione... Embora a profanação das regras fiscais não seja o objeti-
               vo, os formuladores de políticas devem priorizar a segurança sobre
               o déficit de curto prazo.”
                  O austero expansionista Alesina emendou: “Eu não sou um
               falcão do déficit. Sou um economista que entende as prescrições de
               uma política fiscal ideal: executar déficits maciços quando há uma
               necessidade temporária como agora com o vírus e reduzi-los em



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