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um drama por causa disso, não é mesmo? E o que afinal significa
5.000, 10.000 mortes se estamos falando em “garantir empregos”,
ou seja, em garantir que todos continuarão sendo massacrados e
espoliados em ações sem sentido e sem fim enquanto trabalham
nas condições as mais miseráveis e precárias possíveis?
A história do Brasil é o uso contínuo desta lógica. A novidade é
que agora ela é aplicada a toda a população. Até bem pouco tempo,
o país dividia seus sujeitos entre “pessoas” e “coisas”, ou seja, entre
aqueles que seriam tratados como pessoas, cuja morte provocaria
luto, narrativa, comoção e aqueles que seriam tratados como coisas,
cuja morte é apenas um número, uma fatalidade da qual não há
razão alguma para chorar. Agora, chegamos à consagração final
desta lógica. A população é apenas o suprimento descartável para
que o processo de acumulação e concentração não pare sob hipó-
tese alguma.
É claro que séculos de necropolítica deram ao Estado brasileiro
certas habilidades. Ele sabe que um dos segredos do jogo é fazer de-
saparecer os corpos. Você retira números de circulação, questiona
dados, joga mortos por corona vírus em outra rubrica, abre covas
em lugares invisíveis. Bolsonaro e seus amigos vindos dos porões
da ditadura militar sabem como operar com essa lógica. Ou seja, a
velha arte de gerir o desaparecimento que o Estado brasileiro sabe
fazer tão bem. De toda forma, there is no alternative. Esse era o
preço a pagar para que a economia não parasse, para que os empre-
gos fossem garantidos. Alguém tinha que pagar pelo sacrifício. A
única coisa engraçada é que sempre são os mesmos quem pagam. A
verdadeira questão é outra, a saber: Quem nunca paga pelo sacrifí-
cio enquanto prega o evangelho espúrio do açoite?
Pois vejam que coisa interessante. Na República Suicidária
Brasileira não há chance alguma de fazer o sistema financeiro verter
seus lucros obscenos em um fundo comum para o pagamento de
salários da população confinada, nem de enfim implementar o im-
posto constitucional sobre grandes fortunas para ter a disposição
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