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parte do dinheiro que a elite vampirizou do trabalho compulsivo
               dos mais pobres. Não, essas possibilidades não existem. There is no
               alternative: será necessário repetir mais uma vez?
                  Essa violência é a matriz do capitalismo brasileiro. Quem pagou
               a ditadura para criar aparatos de crimes contra a humanidade na
               qual se torturava, estuprava, assassinava fazia desaparecer cadáve-
               res? Não estavam lá dinheiro de Itaú, Bradesco, Camargo Correa,
               Andrade Gutierrez, Fiesp, ou seja, todo o sistema financeiro e em-
               presarial que hoje tem lucros garantidas pelos mesmos que veem
               nossas mortes como um problema menor?
                  Na época do fascismo histórico, o Estado suicidário mobiliza-
               va-se através de uma guerra que não podia parar. Ou seja, a guerra
               fascista não era uma guerra de conquista. Ela era um fim em si
               mesmo. Como se fosse um “movimento perpétuo, sem objeto nem
               alvo” cujos impasses só levam a uma aceleração cada vez maior. A
               ideia nazista de dominação não está ligada ao fortalecimento do
               Estado, mas a um movimento em movimento constante. Hannah
               Arendt falará da: “essência dos movimentos totalitários que só
               podem permanecer no poder enquanto estiverem em movimento
               e transmitirem movimento a tudo o que os rodeia”. Uma guerra
               ilimitada que significa a mobilização total de todo efetivo social, a
               militarização absoluta em direção a uma guerra que se torna per-
               manente. Guerra, no entanto, cuja direção não pode ser outra que a
               destruição pura e simples.
                  Só que o Estado brasileiro nunca precisou de uma guerra porque
               ele sempre foi a gestão de uma guerra civil não declarada. Seu exér-
               cito não serviu a outra coisa que se voltar periodicamente contra sua
               própria população. Esta é a terra da contrarrevolução preventiva,
               como dizia Florestan Fernandes. A pátria da guerra civil sem fim,
               dos genocídios sem nome, dos massacres sem documentos, dos pro-
               cessos de acumulação de capital feitos através de bala e medo contra
               quem se mover. Tudo isso aplaudido por um terço da população, por
               seus avós, seus pais, por aqueles cujos circuitos de afetos estão presos



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