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objeto de um cordão sanitário global, de um isolamento como foco
               não controlado de proliferação de uma doença da qual os outros
               países não querem nunca mais partilhar. Ser objeto de um cordão
               sanitário global deve ser realmente algo muito bom para a econo-
               mia nacional.
                  Enquanto isto nós lutamos com todas as forças para encontrar
               algo que nos faça acreditar que a situação não é assim tão ruim,
               que tudo se trata de derrapadas e destemperos de um insano. Não,
               não há insanos nessa história. Esse governo é a realização neces-
               sária de nossa história de sangue, de silêncio, de esquecimento.
               História de corpos invisíveis e de capital sem limite. Não há insa-
               nos. Ao contrário, a lógica é muito clara e implacável. Isso só ocorre
               porque quando é necessário radicalizar sempre tem alguém nesse
               país a dizer que essa não é ainda a hora. Diante da implementa-
               ção de um Estado suicidário só nos restaria uma greve geral por
               tempo indeterminado, uma recusa absoluta em trabalhar até que
               esse governo caia. Só nos restaria queimar os estabelecimentos dos
               “empresários” que cantam a indiferença de nossas mortes. Só nos
               restaria fazer a economia parar de vez utilizando todas as formas
               de contra-violência popular. Só nos restaria parar de sorrir, porque
               agora sorrir é consentir. Mas sequer um reles pedido de impeach-
               ment é assumido por quem diz fazer oposição. No que seria difícil
               não lembrar dessas palavras do evangelho: “Se o sal não salga, de
               que serve então?”. Deve servir só para nos fazer esquecer do gesto
               violento de recusa que deveria estar lá quando tentam nos empur-
               rar nossa própria carne servida a frio.”

















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