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Parem de ver a Constituição na goiabeira! O stf já deixou clara a
               sua posição. Parem de depositar esperanças na justiça da aplicação
               do direito ao caso concreto! A maioria hedonista da magistratura
               tem lado na luta de classes.
                  Lembrei-me da ideia de um texto que ainda escreverei, reto-
               mando um tema que já foi até filmado (obrigado, Mauro Menezes,
               amigo ponderado, que leu o esboço desta reflexão). Um cardeal,
               fuçando nos arquivos secretos do Vaticano, descobre que Jesus não
               existiu e que a Bíblia foi inventada três séculos mais tarde. Entra
               em crise de consciência, uma crise deôntica. Deve revelar isso ao
               mundo? Como poderiam sobreviver as pessoas que sempre se pau-
               taram pelos mitos diante da revelação da verdade? O mundo ficaria
               melhor se as pessoas soubessem que o cristianismo era mentira?
               Um drama ético, portanto.
                  O Brasil ficará melhor se os operadores jurídicos souberem que
               as duas correntes em debate se baseiam em mitos? Que o Direito
               não é o que parece ser?
                  As várias vertentes do Direito Alternativo e dos distintos movi-
               mentos de Crítica Jurídica a partir dos anos noventa do século pas-
               sado se dedicaram a denunciar a função do Direito na sociedade
               capitalista. A conjuntura era outra.
                  A  contemporaneidade  brasileira,  todavia,  onde  a  Direita
               Concursada, a meu ver, hegemonizou o aparato repressivo e a ma-
               gistratura, nos permite alguma ousadia. A guerra de posições nas
               disputas doutrinárias parece-me ineficaz na conjuntura bolsona-
               ra em que teimosos resistimos, embora elas sejam necessárias nas
               lides judiciais. Todos os que advogam se utilizam do que, icono-
               clasta, denominei de Damarismo e de Terraplanismo jurídicos,
               não para ofender, mas para suscitar reflexão. Cansei de fazer isso
               quando ainda sobrevivíamos em um Estado de Direito.
                  Sendo assim, arrisco colocar em pauta para discussão a atuali-
               dade da guerra de movimento, frontal, contra o capitalismo. A pan-
               demia pode ser o meteoro que, em duvidoso humor, simulávamos



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