Page 243 - Quarentena_1ed_2020
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os perdedores (salário desemprego, renda básica, etc), em outras,
como a nossa, eles são de segunda categoria, cheio de furos e às
vezes não abrem, mas há lugares, como nos países mais pobres, em
que simplesmente não há paraquedas e as pessoas vão para o (ou
nunca saem do) abismo da miséria.
As respostas dos progressistas aos dilemas da
economia de mercado
Como os keynesianos rebatem a essa argumentação de que as
leis do mercado, embora sociais, têm a mesma objetividade e força
de coação que as leis naturais? Na verdade, seus diagnósticos e
receituário não vão no sentido de suspender ou mesmo abolir da
leis do mercado. Parece que, no fundo, eles não acreditam que elas
podem ser suspensas ou contrariadas. Por isso, eles não criticam
nem vislumbram um mundo onde não haja necessidade de merca-
dos, capitais em concorrência, lucro, trabalho remunerado, cresci-
mento econômico e de produtividade etc.
Mas os keynesianos creem que os mercados podem e devem
ser regulados pela ação estatal que, em última instância, depen-
de de decisões políticas. Para ser mais preciso, os keynesianos não
desafiam as leis do mercado, mas acreditam que as sociedades,
por meio de decisões políticas, podem se adaptar melhor ou pior
às suas intempéries, utilizando o peso do jurídico, econômico e
político estado para forçar a melhor adaptação possível. Para isso,
eles insistem em três ações necessárias dos estados para a correção
dos mercados, todas inspiradas no keynesianismo dos anos doura-
dos do estado do bem-estar social:
1. Propõem que o estado force um ponto de partida realmente
igualitário para as pessoas no jogo do mercado, ou seja, que todos
tenham efetivamente uma boa educação, um bom atendimento de
saúde, alimentação e moradia, enfim, que as famílias pobres (dos
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