Page 245 - Quarentena_1ed_2020
P. 245

do mundo, portos, aeroportos e a maior parte da infraestrutura
               energética, rodoviária, ferroviária e de saneamento básico é estatal;
               há uma forte política de compras estatais que privilegiam a produ-
               ção nacional; o governo é o principal financiador da ciência básica
               e aplicada, que é repassada, depois, às empresas de alta tecnologia
               nacionais; e a política monetária de seu Banco Central é a de pro-
               porcionar crédito abundante e barato (chuva de dinheiro) à banca,
               empresas e famílias, como incentivo à produção e consumo; tudo
               isso de acordo com o receituário keynesiano. Experiências fana-
               ticamente neoliberais de estado mínimo, tentadas na Argentina,
               México  e,  agora,  no  Brasil,  conduziram  estes  países  ao  desastre
               econômico e social.




               Progressistas são liberais aperfeiçoados e
               pragmáticos


                  No frigir dos ovos, a solução progressista encontra-se dentro
               dos marcos liberais e trata-se, na verdade de um liberalismo aper-
               feiçoado e pragmático. Aperfeiçoado porque tenta democratizar o
               capital, seja proporcionando, de fato, condições iniciais igualitárias
               para todos, seja distribuindo a renda para massificar o consumo
               e, em consequência, a cidadania – que se exerce de fato pelo poder
               de compra e apenas acessoriamente por uma utópica consciência
               política, não tenhamos ilusões. Por isso, o nome progressismo é
               adequado, pois se trata de um progresso (um aperfeiçoamento) e
               um contrapeso humanitário em relação às rigidez teórica do li-
               beralismo,  insensível  ao  sofrimento  humano  e  impraticável  por
               longo tempo em qualquer sociedade. No pós-guerra, quase todos
               os governos duradouros foram progressistas/keynesianos e mesmo
               com o advento neoliberal, boa parte do receituário keynesiano foi
               mantido, apesar do progressivo desmonte do estado do bem-estar
               social.



                                                                           245
   240   241   242   243   244   245   246   247   248   249   250