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do mundo, portos, aeroportos e a maior parte da infraestrutura
energética, rodoviária, ferroviária e de saneamento básico é estatal;
há uma forte política de compras estatais que privilegiam a produ-
ção nacional; o governo é o principal financiador da ciência básica
e aplicada, que é repassada, depois, às empresas de alta tecnologia
nacionais; e a política monetária de seu Banco Central é a de pro-
porcionar crédito abundante e barato (chuva de dinheiro) à banca,
empresas e famílias, como incentivo à produção e consumo; tudo
isso de acordo com o receituário keynesiano. Experiências fana-
ticamente neoliberais de estado mínimo, tentadas na Argentina,
México e, agora, no Brasil, conduziram estes países ao desastre
econômico e social.
Progressistas são liberais aperfeiçoados e
pragmáticos
No frigir dos ovos, a solução progressista encontra-se dentro
dos marcos liberais e trata-se, na verdade de um liberalismo aper-
feiçoado e pragmático. Aperfeiçoado porque tenta democratizar o
capital, seja proporcionando, de fato, condições iniciais igualitárias
para todos, seja distribuindo a renda para massificar o consumo
e, em consequência, a cidadania – que se exerce de fato pelo poder
de compra e apenas acessoriamente por uma utópica consciência
política, não tenhamos ilusões. Por isso, o nome progressismo é
adequado, pois se trata de um progresso (um aperfeiçoamento) e
um contrapeso humanitário em relação às rigidez teórica do li-
beralismo, insensível ao sofrimento humano e impraticável por
longo tempo em qualquer sociedade. No pós-guerra, quase todos
os governos duradouros foram progressistas/keynesianos e mesmo
com o advento neoliberal, boa parte do receituário keynesiano foi
mantido, apesar do progressivo desmonte do estado do bem-estar
social.
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