Page 110 - Ação integrada de formação de professores
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Para Morin (2010, p. 103), “as cinco finalidades educativas estão ligadas entre si e
devem alimentar umas às outras: a cabeça bem-feita, que nos dá aptidão para organizar o
conhecimento; o ensino da condição humana; a aprendizagem do viver; a aprendizagem da
incerteza; e a educação cidadã”. Para o autor, essas finalidades devem despertar, igualmente, a
ressurreição da cultura pela conexão entre as duas culturas e “[...] contribuir para a regeneração
da laicidade e o nascimento de uma democracia cognitiva” (MORIN, 2010, p. 103).
Dessa forma, e também engendrados no ser-conhecer-fazer que Maturana e Varela
(2011, p. 32) nos apresentam quando afirmam que “todo fazer é um conhecer e todo conhecer
é um fazer”, fomos produzindo com os professores espaços de conversas e de aprendizagens
autopoiéticas, de si e de nossos afazeres, numa rede instituída a partir das proposições previstas
pelo curso. Assim, realizamos o nosso processo pedagógico como uma
[...] co-construção de significados, cujo objetivo é abrir e facilitar o diálogo e desenvolver
a negociação significativa de processos e conteúdos a serem trabalhados nos ambientes
educacionais, bem como, incentivar a construção de um saber relacional, contextual,
gerado na interação professor/aluno (MORAES, 2003, p. 210).
Neste percurso inventivo, foi possível tecer compreensões diversas sobre a importância
da gestão do processo pedagógico escolar articulado com toda a equipe e a comunidade, além
de percepções acerca do acompanhamento pedagógico do desempenho docente e discente,
como um processo educativo inerente aos afazeres escolares.
2.2 Um olhar sobre a minha prática: narrativas de professores sobre inovação pedagógica
com tecnologias digitais
Ao contemplarmos as narrativas dos professores e coordenadores pedagógicos,
legitimamos modos singulares de escutar, de olhar, de experimentar e, portanto, de narrar-
se narrando percursos, também singulares, de experiências docentes. Como argumentam
Conelly e Clandinin (1995, p. 11), “os seres humanos são organismos contadores de histórias,
organismos que, individual e socialmente, vivem vidas relatadas”. Tornar visível as narrativas
docentes, nessa perspectiva, é, também, valorar os diferentes modos como nessa dupla condição
de humanos e docentes experimentamos o mundo.
[…] existe um mais sutil e amplo caminho através dos quais os computadores entram
no mundo dos adolescentes de auto-definição e de auto-criação […] nós veremos que na
adolescência os computadores tornaram-se parte de um retorno a reflexão, não sobre a
máquina mas sobre nós mesmos (TURKLE, 1984, p. 19).
Em relação a este tema, foi interessante perceber compartilhamentos que destacam a
importância de inovar com tecnologias no contexto escolar, que vinculam gestores e professores
e seus processos educativos com a comunidade. Para Kastrup (2000, p. 53), “podemos escrever
e interferir na própria rede e nos territórios locais que se criam em seu interior, participando
então da invenção do mundo, numa prática coletiva”. Nesse sentido, é possível pensar que
as “tecnologias não constituam um obstáculo, mas um dispositivo importante e atual para a
invenção de si e do mundo” (KASTRUP, 2000, p. 53). Na sua participação, presencial e virtual, os
cursistas refletiram acerca do movimento constante que vincula a escola ao mundo contextual
histórico, cronológico e cultural dos estudantes. Nesse sentido, destacamos os excertos abaixo:
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 109
FORMAÇÃO DE PROFESSORES