Page 15 - Ação integrada de formação de professores
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Várias perspectivas caracterizam a articulação do desenvolvimento com a educação,
sendo duas preponderantes: uma considera a educação como efeito/consequência do
desenvolvimento; a outra considera a educação como estratégia/ferramenta decisiva para o
desenvolvimento. Torna-se necessário conceber uma terceira perspectiva, a de uma relação
biunívoca e interativa (dialética), como sugere Carnoy (1990): a “educação é uma parte orgânica
do processo de desenvolvimento”, mas “o próprio processo de desenvolvimento é educação”.
Ação Integrada das ICES na Formação de Professores
Para as ICES do COMUNG, este Termo de Cooperação constituiu-se num desafio e numa
oportunidade, pois implicou planejar e executar uma ação integrada enquanto consórcio, de
forma coletiva, fortalecendo nossa natureza comunitária e regional, respeitando a singularidade
de cada instituição e fortalecendo a cooperação enquanto estratégia.
A oferta destes cursos de formação de professores e de coordenadores pedagógicos
de forma integrada por onze (11) instituições somente foi possível por algumas razões, entre
as quais destacamos: compromisso com a formação de recursos humanos, especialmente
a formação de professores, nas diversas regiões em que as universidades estão inseridas;
engajamento das universidades em projetos de desenvolvimento local e regional; concepção
pedagógica e epistemológica unitária de formação da docência com compromisso social.
A maioria das universidades comunitárias estão atuando há cerca de 50 anos nestas
regiões e suas origens estão vinculadas à formação de professores para atuarem na Educação
Básica no território local. Ou seja, a formação docente é parte constitutiva e fundante da
existência destas instituições. Esta ação é mais uma das inciativas que reafirmam estes vínculos
e laços com os educadores, muitos dos quais são egressos das próprias universidades ofertantes
do presente curso.
Segundo António Nóvoa e Pâmela Vieira (2017), a questão central da formação de
professores, em todo o mundo, prende-se à relação entre a formação e a profissão. Não se trata
de insistir na ligação entre a teoria (que estaria nas universidades) e a prática (que estaria nas
escolas). Esta dicotomia é pobre e estéril. Trata-se, isso sim, de compreender o modo como a
formação deve estar ligada à profissão, e vice-versa. No caso da formação inicial, que deve ser
de responsabilidade da universidade, é necessário assegurar maior presença dos professores
e das culturas profissionais docentes, bem como, maior diálogo com as realidades escolares
e sociais. Às universidades, atribui-se a capacidade de conhecimento cultural e científico,
intelectual, de proximidade com a pesquisa e com o pensamento crítico. Mas, esquecemo-
nos de que, às vezes, é apenas um conhecimento vazio, sem capacidade de interrogação e de
criação.
O desenvolvimento profissional, que abrange todo o ciclo de vida docente, desde a
formação inicial até a aposentadoria, traduz uma ideia central para pensar os professores e a sua
formação. Trata-se de compreender como se constrói uma identidade que é, ao mesmo tempo,
individual e coletiva, desde o primeiro dia como estudante de uma licenciatura. É necessário
recusar o consumismo de cursos, seminários e ações, que caracterizam o atual “mercado da
formação”, sempre alimentado por um sentimento de “desatualização” dos professores. A
única saída possível, segundo Nóvoa, é o investimento na construção de redes de trabalho e
de práticas de formação baseadas na partilha e no diálogo profissional. As experiências mais
interessantes estão localizadas nas escolas, em torno de projetos que são, ao mesmo tempo, de
inovação pedagógica e de formação docente.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 14
FORMAÇÃO DE PROFESSORES