Page 48 - Ação integrada de formação de professores
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Na sequência, houve o desdobramento do Saeb, em 2005, em dois sistemas de provas
complementares: a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Aresc), denominada nas
escolas como Provinha Brasil, e a Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). As duas
modalidades de avaliação têm como objetivo a verificação dos conhecimentos em Língua
Portuguesa (leitura) e Matemática (resolução de problemas), a partir da resolução de questões
de múltipla escolha, aplicadas para alunos do Ensino Fundamental e Médio. Dessa forma, a
aplicação desses instrumentos se constitui numa possibilidade de o MEC obter uma matriz de
avaliação da realidade educacional no país.
O Sistema de Avaliação estabelecido pelo Ministério de Educação (MEC) pretende coletar
o maior número de informações que permitam visualizar o padrão oferecido pelas escolas de
Educação Básica, bem como, detectar as possíveis fragilidades. Muitos são os fatores que hoje
trazem a necessidade de reformulação da escola, entre eles, os baixos índices de aprendizagem
apontados pela avaliação, segundo os dados do MEC-INEP, que retratam esta realidade.
Como apontam Koetz, Werle e Martin (2015), o esforço de retomar indicadores, revisitá-
los, analisá-los de outros ângulos evidencia compreensões a respeito de velhos problemas e
possibilita a identificação de novas dimensões, que, aparentemente, eram conhecidas, mas que
passam a ser mais evidentes. Portanto, a avaliação externa pode constituir-se num importante
recurso de reconstrução da escola, se for utilizada como uma importante matriz de dados que
reproduzem a realidade da escola com suas potencialidades e fragilidades.
4.2 Avaliação da Aprendizagem
Na escola de hoje, considerando o perfil do aluno que se desenha, é preciso compreender
a aprendizagem como um movimento inter/trans/multidisciplinar, dinâmico e virtual de
acesso ao conhecimento em todas as suas possibilidades e áreas. Para esse desenho, professor
e aluno devem estar sintonizados e preparados para todos os desafios. A problematização dos
conhecimentos passa a constituir-se numa importante possibilidade de acesso à aprendizagem.
Aprendizagem também pressupõe conhecimento, motivação, recursos didáticos,
necessidade, interesse, criatividade, desejo, inovação, entre outros fatores significativos, para
que professor e aluno, mediados pelo mesmo planejamento, construam possibilidades de
compreensão e de acesso ao conhecimento. Para Piletti e Rossato (2013), o que caberia para
seduzir o professor para que ele deseje e consiga provocar isso no aluno? A maioria dos
discursos jogados ao vento de que o professor pode fazer isso negligencia o fato de que ele
também é movido por desejos.
Nesse sentido, a avaliação da aprendizagem é um processo que percorre um longo
caminho, no qual professor e aluno, mediados por muitas emoções, permitam-se “apreender”.
É um processo que não pode ser visto de forma tão simples, mas que precisa ser revisitado,
pois é nele que se recontextualizam todas as fragilidades do contexto, que, de alguma forma,
repercutem nos resultados. Além de saber interpretar resultados, faz-se necessário que “se
permite analisar resultados”.
A avaliação da aprendizagem não deve ser reduzida apenas ao resultado do aluno
ou do professor, mas deve ser entendida como um resultado mais amplo, no qual estão
presentes vários fatores, tais como descreve Boas (2013): dificuldades imputadas pelos alunos;
dificuldades relacionadas à concepção de avaliação; dificuldades relacionadas às condições de
trabalho na escola; dificuldades relacionadas à dimensão técnica da avaliação; dificuldades
relacionadas aos pais/responsáveis, entre outras, que se apresentam no cotidiano da escola.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 47
FORMAÇÃO DE PROFESSORES