Page 74 - Ação integrada de formação de professores
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vez de trabalhar com a matéria pronta e acabada, desafie os estudantes a desenvolverem uma
           atitude de pesquisa, de procura, de resolução de problemas. Segundo o autor, “é inacreditável
           como, em pleno século XXI, ainda temos de repetir o que Montaigne já dizia no século XVI: é
           preciso ter uma cabeça bem feita e não bem cheia”.

                 Aprender, portanto,  pode ser considerado  um processo fundamental para que os
           indivíduos tornem-se cidadãos do mundo, conhecendo-o e se comprometendo com esta
           esfera,  para  que  possamos  continuar  a  escrever  a  história  com  amorosidade,  bom  senso
           e responsabilidade. Sendo assim,  compreendemos  a escolarização  como  experiência
           imprescindível para que as crianças e os jovens realizem a transição entre a esfera privada do lar
           e a esfera social, a esfera do coletivo. A inserção na escola é indispensável para a compreensão
           do mundo e o estabelecimento da presença neste espaço/tempo partilhado pelas múltiplas
           gerações. Educar é, portanto, oportunizar aos indivíduos a construção do conhecimento para
           que conheçam o mundo e com ele se comprometam.
                 O alcance desses patamares de excelência no processo de ensino e aprendizagem exige
           que a escola promova a reflexão permanente, articulando os distintos segmentos da comunidade
           escolar, para pensar e construir as melhores soluções, os melhores caminhos. Aos educadores,
           nesse contexto, cabe engajar-se com os demais, construindo propostas pedagógicas consistentes
           e assumindo atitudes de experimentação, de procura, de inovação e de compromisso com a
           educação e com o mundo que representam diante das novas gerações, primando sempre pelo
           desenvolvimento da capacidade de bem viver e de ser feliz na sociedade da informação e do
           conhecimento.


           Referências

           ALMEIDA, Vanessa Sievers. Educação em Hannah Arendt. Entre o mundo deserto e o amor
           ao mundo. São Paulo: Ed. Cortez, 2011.

           ARENDT, Hannah. A condição humana, Tradução Roberto Raposo, Rio de Janeiro: Forense-
           universitária, 1983.

           _____. Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. São Paulo:
           Perspectiva, 1972.

           BORGES, Maria Alice. A compreensão da sociedade da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n.
           3, p. 25-32, set./dez. 2000.

           CANIVEZ, Patrice. Educar o Cidadão? Campinas/SP: Papirus, 1991.


           CARVALHO, José Sérgio. Reflexões sobre Educação, Formação e Esfera Pública. Porto
           Alegre: Penso, 2013.

           FREIRE, Paulo. Professora Sim, Tia Não. Cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Editora
           Olho d’Água, 1993.

           _______, Pedagogia da Autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

           _______, Pedagogia da Indignação. Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora
           UNESP, 2000.



           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   73
           FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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