Page 80 - Ação integrada de formação de professores
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Como possível resposta aos questionamentos do Participante 2, argumentamos
que a elaboração do PPP não pode ser vista simplesmente como a realização de uma tarefa
burocrática solicitada pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, ou então, como um
documento arquivado nas secretarias das escolas. Na contramão dessa ideia, portanto, o PPP,
junto aos outros documentos escolares, deve ter como objetivo balizar as práticas educativas
sem distanciar-se da realidade escolar.
O contexto em que a escola se insere deve ser o ponto de partida para a concepção do
PPP; porém, segundo Gadotti (1994, p. 579, grifos do autor), “todo o projeto supõe rupturas
com o presente e promessas para o futuro”. Ao projetar-se para o futuro, o PPP poderá provocar
mudanças significativas no ambiente escolar, as quais são geradas pelo fato de o documento
ser vivenciado no dia a dia da escola por todos os envolvidos no processo educativo. Reside aí,
obviamente, o entendimento de que o PPP é prática, não uma teoria engavetada. Por isso, ele
se constitui num processo contínuo de reflexões e tensionamentos sobre a prática educativa.
A esses pontos inerentes à constituição do PPP, Veiga (1998, p.14) acrescenta que
O projeto político pedagógico, ao mesmo tempo em que exige dos educadores,
funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo de escola que intentam, requer a
definição de fins. Assim, todos deverão definir o tipo de sociedade e o tipo de cidadão
que pretendem formar. As ações específicas para a obtenção destes fins são os meios.
Esta distinção clara entre fins e meios é essencial para a construção do Projeto Político
Pedagógico.
Ademais, é importante destacar que o PPP busca articular a realidade àquilo que se
pretende. Trata-se de metas que ressaltam as necessidades e as prioridades delineadas pelo
coletivo. O ganho com esse exercício é a diminuição da distância existente entre a escola ideal
e a escola real. Freitas (1991), nessa perspectiva, esclarece que as atitudes coletivas em prol
da construção de uma escola democrática e igualitária “terão que nascer no próprio ’chão
da escola’ […]. Não poderão ser inventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola”
(FREITAS, 1991, p. 23).
Porém, essa situação, infelizmente, não ocorre na maioria das escolas, pois raramente
o grupo de professores é incentivado a refletir sobre as ações pedagógicas vinculadas ao PPP,
muito embora Veiga (1998, p.12) afirme que este documento “busca a organização do trabalho
pedagógico da escola”. A falta de participação e de reflexão no processo de construção do PPP faz
com que ele se torne um elemento alheio ao fazer pedagógico do professor e distante do processo
educativo, mesmo que o educador reconheça a importância desse documento para a escola. O
reconhecimento da importância do PPP pode ser atestado no discurso do Participante 3:
O PPP é um documento considerado importantíssimo que norteia todo o ambiente pedagógico de
uma escola, porém, tão esquecido e tão pouco revisado que acaba se tornando um elefante branco
escolar. Em primeiro lugar, ele precisa ser estudado e revisado constantemente.
Através do PPP, podemos retomar a história de uma comunidade escolar, pois o
documento é elaborado por várias mãos. A redação coletiva do PPP exige a instauração do
processo democrático e a efetiva participação dos sujeitos. Concretizar a construção coletiva do
PPP significa avaliar o processo educativo, tendo como eixo norteador a busca da qualidade do
ensino e da aprendizagem. Efetivamente, para que isso ocorra, é necessário destinar momentos
para que os professores reflitam sobre suas ações pedagógicas. Nesse sentido, o Participante 4
é enfático ao considerar que
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 79
FORMAÇÃO DE PROFESSORES