Page 103 - Ação integrada de formação de professores
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vez de nos proporem gestos a serem reproduzidos, sabem emitir signos a serem desenvolvidos
no heterogêneo”. Com base nesse entendimento, buscamos, com essa metodologia, contribuir
para entrelaçar experiências de forma menos fragmentada nos contextos de atuação. Assim, nos
encontros presenciais, organizamos ações em forma de oficinas, intercaladas com a realização
de rodas de conversas. Nestes encontros, buscamos compreender o docente e o gestor como “ser
em permanente constituição, produzido pelas condições sociais concretas do lugar e do tempo
em que atua e vive [...]” (FARIAS et al., 2008, p.68). O objetivo foi proporcionar aos professores
e gestores com os quais trabalhamos a experiência de (re)viverem encontros consigo mesmos,
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com suas práticas e conosco enquanto formadores, para que pudessem reinventar-se a partir
de suas narrativas mediadas pelas nossas intervenções.
Além da reinvenção de si e de suas práticas, possibilitadas pela troca dos relatos de
experiências, as oficinas favoreceram o adensamento de suas concepções de ensino, de
aprendizagem, de políticas educacionais e da educação como um todo, especialmente, naqueles
aspectos que dizem respeito às suas funções sociais de desenvolvimento. Complementarmente,
a organização e o funcionamento dos encontros na modalidade de oficinas e rodas de conversa
possibilitou a cada participante e mais diretamente a nós, a realização de uma pesquisa com viés
coletivo, cujo foco contempla a gestão do processo pedagógico articulado com a equipe e a comunidade
escolar – tema que tratamos neste capítulo –, uma vez que envolveu docentes e gestores em
processos reflexivos de autoria sobre seus devires profissionais e pessoais em educação.
Para ilustrar essa abordagem e a defesa que dela fizemos, destacamos que:
Nas oficinas, o pesquisador-observador constitui alguns mapas das rotinas de criação e
produção dos fazeres-saberes da pesquisa. O espaço de oficinar constitui-se como uma
experiência com linguagens e tecnologias variadas que – ao aliar o desejo de inventar
formas diferenciadas com distintos materiais de expressão–potencializa o processo de
problematização acerca do que está sendo produzido na oficina (GORCZEVSKI; GOIS,
2013, p. 124).
Nas oficinas e rodas de conversa, que foram tomadas como dispositivos de
aprendizagem, assumimos uma concepção não apenas pedagógica, mas também filosófica, em
defesa do diálogo e da ação coletiva como estratégias de aprendizagem do ensino e da gestão.
Entendemos que neste trabalho coletivo foi possível compreender as ações pedagógicas e as
mudanças nos afazeres que configuram o aprender na escola como processos complementares
aos anseios da comunidade escolar.
Ao lançarmos os desafios de agir e pensar coletivamente não só o ambiente escolar, mas
a prática e a experiência de cada profissional participante, semeamos possibilidades outras
de compreensão da educação como ação constitutiva de toda a comunidade. Assim, abrimos
fronteiras para que o gestor possa compreender as condições de ação do professor, para que
ele possa perceber os sentidos dos saberes e fazeres do gestor e este possa rever os laços de
sua ação com outras instâncias da hierarquia educacional, bem como, com os traços culturais
característicos da comunidade escolar. Objetivamos, com isso, um alargamento na forma
de pensar, rumo a uma concepção de gestão democrática (LÜCK, 2011) e à importância que
5 A etapa do Curso que nos coube realizar envolveu gestores e professores vinculados à 24ª Coordenadoria
de Educação da SEDUC, que atuam nos municípios de Cachoeira do Sul e Cerro Branco - RS. Os gestores de
ambos os municípios formaram um dos grupos, enquanto os professores foram divididos em dois grupos,
respectivamente, de cada um dos municípios participantes.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 102
FORMAÇÃO DE PROFESSORES