Page 125 - Ação integrada de formação de professores
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No entanto, em algumas realidades escolares, a aplicação de provas e testes, como única
forma de avaliar, ainda persiste, tal como se pode perceber no relato a seguir, da Professora
M, ao observar que a escola na qual atua ainda tem usado “a avaliação mais para aprovação
ou reprovação” e percebe também que as avaliações ocorrem “com mais evidência ao final
dos trimestres não se caracterizando, sob meu ponto de vista, essencialmente como processo
de aprendizagem e sim como uma verificação de determinados conteúdos estipulados para o
momento” (PROFESSORA CURSISTA M, DO MUNICÍPIO DE CRISTAL). Nessa direção, a
Professora N, de Sertão Santana, refere que:
A avaliação é uma parte importante no processo, porém ela deve ser realizada de
diversas maneiras e não somente com provas, seja descritiva e/ou objetiva. Acredito
que a cada etapa devemos refletir sobre pontos positivos e quais precisamos melhorar,
tanto na questão do discente, quanto do docente.
Percebemos, nas falas docentes, que ainda há um distanciamento entre o que se vem
discutindo e as formas de pensar e de realizar a avaliação dos alunos, de modo que contemple
todo o processo de seu desenvolvimento. De maneira geral, o que se evidenciou nas falas das
docentes na plataforma virtual, traduz-se em dois aspectos: o primeiro deles tange à questão
de que as escolas ainda utilizam as avaliações no sentido de provas e trabalhos, por ser uma
exigência que a escola precisa dar conta ao final de cada ano letivo. Em segundo, mesmo
sendo uma prática institucionalizada, nem todos os docentes concordam com esta forma de
avaliação, o que fica evidente na seguinte fala docente: “Uma avaliação gradual do aluno, em
que se observa seu crescimento dentro do que está sendo estudado, acredito que seja a melhor
maneira de observar se o aluno realmente está aprendendo ou não” (PROFESSORA CURSISTA
O, MUNICÍPIO DE CRISTAL).
A preocupação docente em acompanhar o aluno no seu processo de aprendizagem nos
remete a Boufleuer (2014, p.76), ao afirmar que “todo o conhecimento, para ser aprendido, precisa
articular-se com o universo de experiências, referências e sentidos do sujeito aprendente”. Nesse
sentido, a avaliação não necessariamente tem que ser por meio do instrumento prova, mas
deve trilhar caminhos que possibilitem ao aluno demonstrar seus aprendizados de diferentes
modos. Assim, abrem-se possibilidades e oportunidades de os alunos protagonizarem seu
processo de aprendizagens que são múltiplas e não únicas, de modo a recriar e inovar, em vez
de simplesmente apenas reproduzir (BOUFLEUER, 2014).
No contexto educativo atual, faz-se necessário (re)pensar a educação e o modo de
avaliação, o que somente acontece quando existe “diálogo entre todos os elementos da ação
educativa, da permanente reflexão sobre a prática”, afirma Hoffmann (2008, p. 20). Outro
aspecto salientado pela autora é a necessária revisão de posicionamentos e de concepções de
professores, pais e de toda a sociedade brasileira, acerca dos objetivos escolares, bem como, a
celebração da diversidade. Nessa perspectiva, parece-nos pertinente o relato de uma professora
de Educação Infantil, cuja prática avaliativa “se dá através da observação do desenvolvimento
da criança nas áreas de: linguagem, matemática, vida prática, sensorial e educação cósmica”
(PROFESSORA CURSISTA P, DE CRISTAL). Desta forma, concebemos a avaliação no
sentido de processo e não apenas de resultados. E processo é algo longitudinal, que requer o
acompanhamento docente da evolução da aprendizagem, considerando que a construção de
novos saberes ocorre a todo instante. No entendimento das professoras do curso de Formação
Continuada, a avaliação ainda precisa ser amplamente debatida, o que se evidencia na seguinte
fala: “Vejo a avaliação como um processo em construção ainda, temos muito para mudar nas
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