Page 126 - Ação integrada de formação de professores
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escolas, acompanhar o aluno como um ser em processo de construção todos os dias e em todos
os momentos, assim chegamos a uma avaliação construtiva” (PROFESSORA CURSISTA Q,
DO MUNICÍPIO DE CRISTAL).
Ainda, retomando as considerações de Hoffmann acerca da avaliação e a relação
dialógica que deve existir entre este tema e a postura docente, defendemos a necessidade de
mudanças por parte dos educadores, embora, conforme a autora, se eles não compreenderem
o significado real dessas mudanças, não saberão como construí-la, isto é,
não basta alguém dizer-lhe (ao professor) que deve fazer diferente, se ele não pensar
diferente sobre o que faz. É muito difícil aventurar-se ao desconhecido. O professor
precisa abandonar práticas seguras e conhecidas, arriscando-se a perder seu status de
competência, seu controle sobre a situação, a confiança em suas decisões (HOFFMANN,
2008, p 30).
Por fim, pensamos que buscar novas formas de aplicação e de interpretação de
instrumentos avaliativos deve ser um objetivo construído pelos professores, de maneira
individual e coletiva, numa perspectiva de reflexão-ação. Nesse sentido, a autoavaliação por
parte do professor talvez seja uma alternativa em busca desse caminho.
3 AUTOAVALIAÇÃO DO PROFESSOR
No contexto escolar, vivemos tempos que nos inquietam, nos questionam, nos mobilizam,
nos fazem pensar sobre as muitas perguntas, para as quais não há respostas prontas. Cada
situação vivenciada nos faz refletir sobre nosso papel de educadores. A autoavaliação docente
pode ser uma estratégia relevante para possibilitar ao educador uma reflexão individual e
coletiva sobre processo de ensino e aprendizagem e a sua ressignificação individual, o que
nem sempre é uma tarefa fácil, mas é necessária.
De acordo com Hoffmann (2008, p. 29), “[...] não há mudança sem sofrimento da transição,
do próprio esforço implicado que exige, muitas vezes, renúncia, disciplina, dedicação”. Como
já dizia Paulo Freire “somos seres inconclusos” e, portanto, eternos aprendizes. Significamos e
ressignificamos, construímos e reconstruímos. Esses movimentos nos exigem reflexões sobre o
fazer docente e se dão ao nos permitimos estar abertos ao novo.
Para Herbertz e Vitória (2018, p. 122), “[...] o professor hoje lida com situações inusitadas,
imprevisíveis, as quais exigem análise, interpretação e reflexão para então mediar e intervir
nas relações de aprendizagens de modo mais adequado”. Nessa perspectiva, sobre a noção do
professor reflexivo, Alarcão (2007, p.41) afirma que se baseia na “[...] consciência da capacidade
de pensamento e reflexão que caracteriza o ser humano criativo e não como mero reprodutor
de ideias e práticas que lhe são exteriores”.
A Professora Cursista R, do município de Sertão Santana, ao abordar o processo de
ensino e aprendizagem, questiona: “Mas qual de nós, professores, não nos deparamos com
aquela pergunta: fui justo ao avaliar esse aluno? Meus instrumentos de avaliação estavam
adequados?” Esta fala demonstra a importância da reflexão sobre a ação, conforme citado
por Alarcão (2007). Esta atitude passa também pela autoavaliação do trabalho docente. A
autoavaliação, enquanto parte integrante do processo de ensino e aprendizagem, implica
um olhar atento do professor sobre sua ação, incluindo seu planejamento, metodologias e
concepções de avaliação.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 125
FORMAÇÃO DE PROFESSORES