Page 26 - Ação integrada de formação de professores
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É nessa ótica, da educação escolarizada, que os índices ocupam a centralidade dos
discursos que circulam não só nos ambientes educacionais, mas se propagam através da
mídia, chamando a atenção da população para sua importância, para as metas estabelecidas
nas políticas públicas entendidas como pressupostos à qualidade da educação. Assim, as
estatísticas operam e reforçam a ideia de que a qualidade na educação básica precisa ser
medida, normalizada, privilegiando regimes de verdades para a padronização das condutas
dos sujeitos envolvidos na educação. Também é nessa lógica que o Estado do Rio Grande do Sul
vem trabalhando a fim de minimizar o mal estar docente, irradiando as experiências exitosas, a
fim de garantir aos docentes e aos próprios gestores, sujeitos das práticas educativas, o desejo
e o compromisso de aprender, ensinar, educar, mas, acima de tudo, orientar e desenvolver
ações para que nossas crianças se tornem cidadãos de direitos com a sua imensa capacidade
em agregar o objetivo supremo que todos nós, enquanto seres humanos deveríamos procurar
atingir: a capacidade de sermos felizes.
Foi tomando os discursos e as práticas sociais – apresentados pelos gestores municipais e
professores – como conjunto de significados negociados que engendram as práticas educativas,
que olhamos para a esta “nova” ordem escolar produzida pelos sistemas, procurando entender
como ela vem sendo construída.
Fechamos provisoriamente esta discussão, tomando emprestadas as palavras de Freitas
(2009) que nos inspira e indaga: “[...] continuarmos seguindo nosso caminho sem refletir
sobre o sentido de nossas escolhas, o desejo de transformação ficará limitado ao discurso.
Podemos abdicar de nosso protagonismo histórico na proposição de outra escola?” Com esse
questionamento, destacamos que, ao trilhar por esses (des) caminhos complexos, sem placas
de sinalização, nossa intenção não foi revelar algo que estava oculto, mas dar visibilidade às
práticas de formação continuada dos profissionais da educação que ocorreram nos contextos
locais, as quais consideramos relevantes para os que se debruçam sobre tais questões, tão caras
para as políticas educacionais.
Referências
BAUMAN, Zigmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
BRASIL, Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Diário Oficial da União. Brasília, DF. 2015.
FREITAS, Luiz Carlos de. Avaliação educacional: caminhando pela contramão. Petrópolis:
Vozes, 2009.
LARROSA, Jorge. Tecnologias do Eu e Educação. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). O sujeito
da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.
RIO GRANDE DO SUL. Decreto nº 53.175, de 25 de agosto de 2016. Publicado no DOE n.º
164, de 26 de agosto de 2016. Porto Alegre, RS. 2016.
BRASIL. Disponível em: <http://portal.convenios.gov.br/images/docs/MROSC/
Publicacoes_SG_PR/LIVRETO_MROSC_WEB.pdf. Acesso em: 17 Nov. 2018.
VARELA, Julia. O estatuto do saber pedagógico. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). O sujeito
da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 25
FORMAÇÃO DE PROFESSORES