Page 31 - Ação integrada de formação de professores
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Ao deparar com estudos e reflexões acerca da formação de professores, é comum que o
           tema seja introduzido, destacando as rápidas transformações que ocorrem no contexto social,
           pedagógico, político, econômico, que produzem inquietudes, incertezas e desafios que fazem
           “perder o chão” e não encontrar as palavras (e práticas) que há pouco pareciam tão certas e
           verdadeiras.
                 Se o contexto está permanentemente em processo de construção, no qual as ciências, as
           práticas, as experiências e os sujeitos vão se construindo continuamente, educar passa a ser
           uma ação que exige do professor uma formação permanente, sob o risco de, ao não reconhecer o
           professor como inacabado, este não ser reconhecido na função que exerce. Segundo Imbernón,
           uma das poucas certezas que temos é de que “tudo mudará, exceto a mudança. E a formação
           precisa  mudar  [...] Uma nova  formação  deve  estabelecer mecanismos  para desaprender  e,
           então, voltar a aprender” (2015, p.77).
                 A  formação,  para Goergen, é “o  processo  de  autoconstrução  do  ser  humano  e da
           constituição de sua vontade no permanente conflito entre a sensibilidade e a razão, ou seja,
           entre o indivíduo e a sociedade” (2009, p.45). Considerando que a formação docente não se
           dá fora da formação humana, a docência também se constitui marcada por conflitos e tensões,
           que provocarão a necessidade de ser a docência uma constante construção, o que é possível
           não somente pela formação técnica, pedagógica e científica, mas pela crença de que a formação
           permanente é necessária. Assim, “vamos construindo-nos como professores e professoras em
           nossas experiências que, ao não se esgotarem em nossos diplomas, passam por eles. De certa
           forma, em nosso processo formativo, vamos nos formando por meio da práxis que, por isso
           mesmo, não dicotomiza teoria e prática” (PEREIRA, 2017, p.10).
                 Por muito tempo, houve a convicção de que para ser professor bastava saber os saberes
           que deveriam ser ensinados. A partir das pressões decorrentes das mudanças do contexto e
           dos estudos e debates em torno da educação e da escola, foi se constituindo a compreensão de
           que o ofício da docência exige também um conhecimento acerca do contexto, dos sujeitos, e de
           como se ensina e se aprende. Butlen destaca que “a ideia de uma formação que incluísse saberes
           para ensinar, uma teorização das práticas e uma profissionalidade é relativamente recente,
           tendo em vista que a concepção dominante sobre a circulação dos saberes no que se refere
           ao ensino foi, por muito tempo, e de uma certa maneira ainda permanece, uma concepção
           vertical” (2015, p. 58). No entanto, há de se considerar que as reformulações realizadas no
           campo da docência foram protagonizadas especialmente pelos professores, que desencadearam
           uma série de esforços busando assegurar um estatuto de autonomia e de independência; a
           delimitação do campo profissional; a atribuição exclusiva de intervenção na área do ensino,
           de profissionalização da atividade docente, de reconhecimento social, de valorização das suas
           funções, entre outras exigências, que promoveram experiências significativas e deram origem
           a um suporte legal para o exercício da docência.
                 Historicamente, foram produzidas mudanças importantes no campo social e científico,
           que repercutiram nas instituições sociais,  especialmente, na escola.  Tal processo  requer do
           professor, novas formas de ensinar e, por consequência, formação para tais desafios.
                 Neste contexto, o Parecer nº 2/2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para
           a Formação Inicial e Nível Superior e para a Formação Continuada, a concepção de formação
           docente pauta-se


                                 tanto pelo desenvolvimento de sólida formação teórica e interdisciplinar em educação
                                 de crianças, adolescentes, jovens e adultos(as) e nas áreas específicas de conhecimento



           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   30
           FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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