Page 91 - Ação integrada de formação de professores
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Estamos tão assustados, porque tudo parece novo [...].
Acredito que esta mudança deveria ser gradual para que fosse possível iniciar com calma essas
mudanças. [...] confesso que tenho certo receio de muitas coisas ficarem atropeladas e perderem
sentido.
As expectativas em relação as competências que a BNCC sugere vem acompanhadas de muita
incerteza também.
É interessante notar que essa angústia indica, a um só tempo, as incertezas suscitadas
pelo “novo”, mas, igualmente, a preocupação com o “fazer bem feito”, que implica, entre outros
aspectos, tempo de discussão, maturação e formação. Possivelmente, este sentimento decorre,
também, da maneira como a BNCC foi elaborada, sobretudo, em se tratando da sua finalização,
“[...] com pouco envolvimento e discussões nas instituições formadoras de professores, sem o
envolvimento da comunidade escolar e sem ou quase nenhuma participação de professores
das escolas de Educação Básica” (PERONI, CAETANO, 2015, p. 343). A “necessidade” de
formação, portanto, pode ser compreendida como uma espécie de preenchimento dessa
“lacuna participativa”.
Penso que só será alcançado com sucesso o que a BNCC propõe se houver uma mudança de postura
dos professores para que as competências sejam realmente desenvolvidas com os alunos, por isso,
muito importante e necessário o investimento em formação e capacitação dos profissionais da
educação.
Colocar a BNCC em prática, realmente é um grande desafio, pois exigirá uma mudança na
postura do professor, que precisará se reinventar. Para isso, o caminho é a formação continuada
do professor, que terá que aprender uma nova forma de ensinar [...]
[...] penso que o professor precisa ter acesso a qualificação, possibilitando saber agir neste meio de
tantas mudanças rápidas, pois ele é o grande agente e necessita de um aporte que o ajude em sua
prática [...].
Ainda que, conforme comentado, o currículo orientado por competência e,
consequentemente, o ensino por competência demandem uma outra compreensão de
aprendizagem, “atualizada” e em consonância com o produtivismo característico de tempos
neoliberais, assim como a revisão de práticas pedagógicas cristalizadas, por vezes, sob a
égide da tradição “incontestável”, concordamos com a afirmação despretensiosa de uma das
participantes do curso: Muitos professores trabalham por competências e nem mesmo se dão conta
disto. No entanto, ainda que saibamos disso, o investimento em formação é elementar para
que as escolas, ao se apropriarem dos princípios pedagógicos da BNCC, “façam bem feito”,
problematizando e (re)inscrevendo o conceito de competência no campo educacional, tal como
tem sido feito em diferentes espaços educativos em que a noção é mobilizada, a exemplo da
própria UNISINOS.
Referências
AZEVEDO, Janete M. Lins de. A educação como política pública. Campinas: Autores Associados,
2008.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 15/2017. Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Brasília, 15/12/2017.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 90
FORMAÇÃO DE PROFESSORES