Page 94 - Ação integrada de formação de professores
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Essa percepção reforça o entendimento de Paiva et al. (2016, p. 145) de que as estratégias
de ensino utilizadas pelos professores são tão importantes quanto os conteúdos abordados e
compreendem que “[…] a aprendizagem necessita do saber reconstruído pelo próprio sujeito
e não simplesmente reproduzido de modo mecânico e acrítico”. O fato de o aluno ser capaz
de apenas reproduzir o que é apresentado pelo professor vai contra os objetivos estabelecidos
pela LDB. O ensino da matemática deve ir além, a ponto de o aluno ser capaz de compreender
corretamente os conceitos matemáticos de modo que seja capaz de aplicá-los às mais diversas
situações reais do cotidiano. A aplicabilidade matemática é tão vasta que esta possibilidade
não só é factível como coloca a matemática em destaque no que diz respeito à integração com
outras disciplinas, para que os conteúdos possam ser trabalhados de forma multidisciplinar e
transversal. E é nesse sentido que as metodologias ativas (MA) de ensino tem muito a contribuir.
Nesse sentido, o presente artigo, com enfoque no ensino da matemática, objetiva
analisar a importância das metodologias ativas no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos, trabalhando a disciplina na perspectiva de ofertar um ambiente que possibilite novas
estratégias de ensino, como o ensino ativo, transversal e interdisciplinar. Pretende-se também
discorrer sobre estratégias que podem ser adotadas para que este ambiente seja factível, como
a Instrução por Pares e a Aprendizagem Baseada em Projetos. A opção por essas estratégias
se deve ao fato de poderem ser implementadas com poucos ou nenhum recurso tecnológico
disponível, como também podem e devem ser replicadas em outras áreas além da matemática.
Novidades nem tão novas
A MA se configurou como uma alternativa de aprendizagem a partir do final do século
XIX e início do século XX com o movimento da Escola Nova. Esse movimento, iniciado na
Inglaterra e disseminado na Europa no final do séc. XIX, chega ao Brasil no séc. XX, com
diferentes propostas, mas todas tendo o aluno como protagonista da sua aprendizagem. Apesar
de não ser uma proposta nova, ainda há um longo caminho a percorrer na implementação
dessa metodologia, tendo em vista a necessidade de o professor substituir formas tradicionais
de ensinar por um processo de democratização do espaço da sala de aula com enfoque na
aprendizagem, onde o aluno é protagonista, o professor é mediador e o conhecimento é o
centro do processo.
Segundo Berbel (2011), as MAs desenvolvem o processo de aprender com a solução de
problemas advindos de experiências reais ou simuladas, presentes em diferentes contextos da
realidade social do aluno. Freire (1996) também defende as metodologias ativas, ao afirmar
que a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção de novos conhecimentos
são necessárias para impulsionar a aprendizagem e acontecem a partir de experiências prévias.
Vigotsky (1988) ratifica a necessidade de mudança na forma de ensinar e de aprender ao
colocar que o professor deve ser um agente mediador desse processo, propondo desafios aos
estudantes, ajudando-os a resolvê-los, proporcionando atividades em grupo para que aqueles
que estiverem mais adiantados possam cooperar com os que tiverem mais dificuldades.
Aprender matemática é considerado uma atividade complexa pelos alunos, que, além de
não gostarem, apresentam muitas dificuldades em desenvolver cálculos, fórmulas e questões
contextualizadas. Isso porque, muitas vezes, essas operações são ensinadas e realizadas de
maneira mecânica pelos professores e alunos. Por esse motivo, é importante ter ciência da
importância das metodologias ativas na matemática pela possibilidade de relacioná-la com
situações cotidianas e de instigar o aluno à análise, reflexão e resolução de situações reais.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 93
FORMAÇÃO DE PROFESSORES