Page 184 - Garantia do Direito à Educação
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Dante Henrique Moura


                    projeto educacional que ultrapasse a formação restrita e instrumental.
                    Nesse contexto, pode-se avançar na direção de uma formação pautada
                    nos eixos estruturantes trabalho, ciência, tecnologia e cultura.
                         Não obstante, essas escolas são para poucos, mesmo diante do
                    significativo (e importante) processo de expansão desencadeado no
                    período de 2005 a 2016 e da reserva de vagas para os beneficiários das
                    cotas. Deste modo, a matrícula proporcionada por toda a RFEP no que
                    concerne ao Ensino Médio (EM), a qual é concentrada no EMI, cor-
                    responde a 1,87 % da matrícula nacional dessa etapa, segundo dados
                    Censo Escolar 2016 (Brasil, 2017).
                         Já os programas de formação ou qualificação profissional de larga
                    escala são, historicamente, proporcionados por meio de cursos de baixa
                    carga horária e descolados da elevação de escolaridade como foram,
                    por exemplo, o Programa Intensivo de Preparação de Mão de Obra
                    (PIPMO, dos anos 1960 a 1980), o Plano Nacional de Qualificação
                    Profissional (Planfor, dos anos 1990) e o Plano Nacional de Qualifica-
                    ção (PNQ, dos anos 2000 – este apresentou algum esforço de articu-
                    lação com a educação básica) e como é o atual Programa Nacional de
                    Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
                         Ao longo dos séculos, a lógica de uma sociedade colonizada e es-
                    cravocrata produziu exclusões em todas as esferas, inclusive, na edu-
                    cacional, o que se agudizou com a consolidação do capitalismo como
                    modo de produção hegemônico em escala planetária. Por outro lado,
                    a complexificação da sociedade faz com que a cada dia, aumente a
                    demanda social por políticas públicas voltadas para o atendimento dos
                    direitos da classe trabalhadora, o que inclui a EP e a EJA.
                         Em meio a essas demandas ocorreu a gênese do Proeja, com uma
                    dupla finalidade anunciada (Brasil, 2007): enfrentar as descontinuida-
                    des e o voluntarismo que marcam a EJA no Brasil; integrar a Educação
                    Básica (EB) a uma formação profissional que contribua para a integra-
                    ção socioeconômica de qualidade dos jovens e adultos. O Proeja trata
                    da integração entre o ensino fundamental (EF) e a EP por meio de
                    cursos de formação inicial e continuada (FIC), integração entre o EM
                    e os cursos FIC e do EMI na modalidade EJA.


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