Page 188 - Garantia do Direito à Educação
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Dante Henrique Moura


                         Em síntese, os cursos de especialização e as ações inerentes ao
                    Edital Proeja-Capes/Setec foram destinadas, dentre outros aspectos,
                    à formação de um corpo de formadores de formadores na perspec-
                    tiva de desencadear processos institucionais voltados à formulação,
                    gestão e execução de cursos do Proeja, assim como para a criação
                    de grupos de pesquisa para produzir do conhecimento nesse campo
                    visando à consolidação do Proeja como política pública.
                         Nesse contexto de dificuldades e alguns avanços, de 2007  a 2011
                                                                                2
                    houve aumento considerável das matrículas, conforme Tabela 1, ela-
                    borada a partir dos Censos da Educação Básica de 2007 a 2014.
                         Apesar dos avanços observados na construção da política pú-
                    blica que resultaram na evolução da matrícula do EMI Proeja e do
                    Proeja FIC Fundamental até 2011, a correlação de forças políticas
                    no interior do governo foi tal que não garantiu a continuidade des-
                    sas (e de outras) ações no âmbito do Proeja. A partir de 2012 essa
                    matrícula entra em declínio na esfera pública. Em seguida, busca-
                    mos algumas explicações para isso.
                         Infere-se que o ciclo de crescimento econômico que se observou
                    no Brasil, até o final dos anos 2000, produziu momento propício para o
                    recrudescimento de discursos que anunciam que há empregos, mas que
                    falta empregabilidade à população.
                         Esses discursos logo aparecem junto a estimativas, supostamente con-
                    fiáveis, que anunciavam a necessidade urgente de formação de 8 milhões
                    de trabalhadores, em um curto espaço de tempo, para ocupar postos de
                    trabalhos, sem o que a economia seria paralisada: “é urgente capacitar e
                    curso longo não resolve”, “as empresas clamam por trabalhadores qualifi-
                    cados”, “mais prática e menos teoria”, “nem todos precisam ir à universi-
                    dade, então é necessário ter vários tipos de ensino médio”, “várias opções
                    formativas pra os trabalhadores” e muitas outras. Esse é, de maneira muito
                    sintética, o contexto em que se engendrou o Pronatec. 3



                    2  Este foi o ano a partir do qual o INEP passou a divulgar a matrícula do EMI Proeja.
                    3  Para maior aprofundamento, sugerimos ler: Silva, D. M. Desvelando o Pronatec: uma avaliação política do
                    programa. Dissertação de Mestrado (Natal, UFRN, 2015).


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