Page 62 - Garantia do Direito à Educação
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José Marcelino de Rezende Pinto


                    que fica com mais da metade dos recursos tributários arrecadados, mas
                    contribui com pouco mais de 20 % nos gastos públicos com educação,
                    assumisse uma participação mais ativa nesse esforço gigantesco de tirar
                    o país de anos de atraso educacional, se não houver a revogação da EC
                    95/2016 pode-se dizer que o PNE 2014-2024 já nasce morto. Até porque,
                    com a recessão econômica intencionalmente provocada, através de cortes
                    no investimento público, a partir da gestão, no segundo governo de Dilma
                    Rousseff, de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda e intensificada no
                    governo de Michel Temer, com Henrique Meirelles à frente da Fazenda,
                    estados e municípios, cujas receitas dependem diretamente da atividade
                    econômica, pouco têm a fazer para contribuir no aumento dos gastos pú-
                    blicos em educação. Para se ter uma noção dos efeitos nefastos da recessão,
                    basta dizer que o PIB per capita de 2016 retomou o patamar de 2008, oito
                    anos perdidos, portanto.
                         Assim, trata-se de um texto construído em um contexto de cor-
                    te de direitos (sociais, trabalhistas e previdenciários) cujo objetivo é
                    dimensionar as necessidades financeiras para que o PNE 2014-2024
                    possa ser implementado. Além disso, busca-se fornecer dados e argu-
                    mentos que fomentem os esforços para a revogação da EC 95/2016,
                    que inviabiliza o futuro do Brasil como nação civilizada, e contra as po-
                    líticas econômicas recessivas e concentradoras de renda que, também,
                    parecem uma maldição que assola a nação brasileira.
                         Um parêntese: obviamente não se trata de ‘maldição’, mas de dis-
                    puta pelo fundo público em um país que se insere de modo subalterno
                    em uma economia capitalista mundializada e que apresenta um dos
                    maiores níveis de desigualdade de renda do mundo, controlado por
                    uma elite rentista que não se envergonha de promover golpes de Esta-
                    do sempre que identifica qualquer mínima ameaça a seus interesses. No
                    caso da presidente Dilma Rousseff, afastada por um golpe parlamentar,
                    com amplo apoio da mídia, seu crime foi determinar a queda da taxa
                    de juros em dado momento de seu governo, um “pecado capital” para
                    o capital financeiro que controla o mundo (Piketty, 2014).
                         Por limitações de espaço, serão analisadas aqui as metas com maior
                    impacto financeiro. Na primeira parte serão considerados os desafios de


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