Page 66 - Garantia do Direito à Educação
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José Marcelino de Rezende Pinto


                    de oferta educacional. Esses jovens e adultos são o retrato mais aca-
                    bado de uma escola de baixa qualidade, o passivo de anos de subfi-
                    nanciamento do sistema educacional no período da ditadura militar e
                    no que lhe segue, e do veto à meta de 7 % do PIB no PNE 2001-2011
                    por Fernando Henrique Cardoso. E, mantida a PEC 95/2016, outros
                    tantos milhões de analfabetos funcionais e brasileiros sem o ensino
                    médio completo estarão sendo produzidos pelas escolas brasileiras,
                    para se juntar a esses.
                         No caso da educação profissional de nível técnico, cujos custos
                    para se ter qualidade também são elevados, há muito a ser feito. A
                    meta do PNE é de triplicar as matrículas até 2024, frente à situação
                    de 2014. Isso significa sair de 1,9 milhões de matrículas, em 2014, para
                    5,7 milhões, em 2024, com a criação, portanto, de 3,8 milhões de no-
                    vas vagas. Cabe comentar que boa parte dessa formação atualmente é
                    oferecida pela rede privada, principalmente através das instituições do
                    chamado Sistema S que tende a ser uma formação aligeirada e que in-
                    veste pouco nos fundamentos científicos dos processos produtivos. E o
                    agravante é que esse sistema recebe recursos públicos generosos (0,3 %
                    do PIB), via contribuições, além de recursos do Pronatec, tendo, mes-
                    mo assim, boa parte de seus cursos pagos e sem nenhuma transparência
                    na alocação dos recursos (Pinto, 2016).
                         É chegada a hora da educação superior. Inicialmente há que se
                    dizer que o Brasil possui, nesse nível de ensino, um dos sistemas mais
                    privatizados do mundo e, por decorrência, aquele que apresenta uma
                    das menores taxas de atendimento para a faixa etária correspondente.
                    De qualquer maneira, o crescimento nos últimos anos foi surpreenden-
                    te, saindo de uma taxa bruta de matrícula na faixa de 18 a 24 anos
                                                                                       2
                    de 16,5 %, em 2001, para 34,6 %, com uma meta no PNE de 50 %
                    para 2024. Contudo, esse crescimento foi feito essencialmente pelo
                    setor privado, com grande subsídio público nos últimos anos através
                    do Prouni e FIES. Em 2014, 75 % das matrículas do setor estavam no



                    2  Corresponde à razão (%) entre as matrículas na educação superior e a população de 18 a 24 anos.


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