Page 95 - Garantia do Direito à Educação
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Garantia do Direito à Educação: monitorando o PNE – Lei nº 13.005/2014


                 lugares de onde o sujeito fala. Trata-se, igualmente, do diferimento pro-
                 duzido pelos falantes (praticantes) na cadeia discursiva.
                      Desse modo, relatar a experiência dos debates sobre o PNE a par-
                 tir da perspectiva de lugares de memória coletiva, assim como seguir
                 nesse fio na escrita do Relatório acadêmico das Ações propostas pelo
                 Projeto de Extensão Monitoramento e Avaliação do PNE, é o grande
                 desafio a que estamos nos propondo a dar início na seção seguinte des-
                 se trabalho, e prosseguir em seu aprofundamento no referido Relatório.


                 As pontuações e notas na perspectiva de lugares de memória


                      Em O gigante enterrado (Ishiguro, 2015), uma obra de ficção escri-
                 ta em um tempo em que a Grã-Bretanha está em ruínas, guerras entre
                 bretões e saxões, queda do rei Arthur, em um tempo em que mito e
                 história se confundem, “duas faces da mesma moeda”, o escritor terá
                 a sensibilidade de produzir uma narrativa reflexiva na qual as perso-
                 nagens principais, um casal de idosos, Axl e Beatrice, saem em busca
                 do filho quando já quase não se lembram mais de suas feições e não
                 sabem onde se encontra. Nesse percurso, as personagens se deparam
                 com seres míticos (uma dragoa que parece estar ligada à névoa) e terão
                 seu amor posto à prova. Mas o ponto que nos tocou de maneira a trazer
                 aqui associações com as narrativas que permearam as reflexões durante
                 o Ciclo de Debates é aquele em que, ao longo da leitura de O gigante
                 enterrado, o escritor vai delineando, tecendo os lugares que cabem as
                 figuras do amor e da memória coletiva diante da barbárie.
                      Guardadas as devidas diferenças quanto ao espaço-tempo entre a
                 narrativa de Ishiguro (2015) e as narrativas que estamos nos propondo
                 “relatar”, fica para nós o significante memória coletiva como lugar nar-
                 rativo onde o saber é construído socialmente, com potência de tornar
                 viva a experiência da reflexão e das análises a que chegamos enquanto
                 comunidade educacional.
                      Para tanto, e visando tornar objetiva a apresentação dos lugares
                 narrativos aqui nesse trabalho, registrando passos, lances e gestos que
                 configuraram o início da caminhada dessa comunidade, passamos a


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