Page 135 - Ação integrada de formação de professores
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avaliações externas não modifiquem o trabalho docente a ponto de a escolar virar um campo
           de treinamento para responder às demandas dessas avaliações.
                 Sobre essas questões, Dias Sobrinho (2010) destaca:

                                 A avaliação é a ferramenta principal da organização e implementação das reformas
                                 educacionais.  Produz mudanças nos currículos, nas metodologias de ensino, nos
                                 conceitos  e práticas de  formação,  na gestão, nas estruturas  de poder,  nos  modelos
                                 institucionais, nas configurações do sistema educativo, nas políticas e prioridades da
                                 pesquisa, nas noções de pertinência e responsabilidade social (p. 195).

                 Essas mudanças precisam emergir do próprio contexto do professor, a partir de uma
           reflexão conjunta entre todos os sujeitos envolvidos nesse processo; as mudanças não devem
           ser implantadas somente para a satisfação dos critérios das avaliações, mas, sim, para qualificar
           os processos de aprendizagem escolar.
                 Ainda há os gestores que acreditam que não há mudança no fazer pedagógico a partir
           das avaliações externas, o que se evidencia na fala da Gestora B:


                                 Em relação as avaliações externas, os professores refletem sobre os dados, porém acreditam que
                                 por si só, essas avaliações, não traduzem a qualidade do ensino (GESTORA B).

                 A fala da gestora remete à ideia de que os professores não acreditam que essa avaliação
           traduza o  que realmente  os  alunos  conhecem,  o  que corrobora  com  o  que um  grupo de
           professores afirmou ao refletir sobre essa questão.
                 Essa falta de relação entre o ambiente da escola e as avaliações externas pode trazer
           consequências na medida em que esse recurso perde sua função pedagógica e passa a ser
           apenas índices para a Educação. Por isso, é necessário formação que traga a visão de que é
           possível atrelar a avaliação feita em sala de aula com as que são externas a ela.
                 No último grupo, estão os gestores que acreditam que as avaliações externas influenciam
           em parte as ações na escola.

                                 Os indicadores educacionais servem para que cada escola reflita seu fazer pedagógico, embora
                                 não sejam os únicos parâmetros a serem avaliados no contexto educacional, servindo como um
                                 sinalizador para que a escola e os educadores se mobilizem para aprimorar o ensino e conduzir
                                 para as aprendizagens significativas (GESTORA C).

                 Nesse grupo de gestores, emerge um ponto crucial: a ideia de que as avaliações externas
           têm um papel importante nos processos de aprendizagem; no entanto, não é o único parâmetro
           para acompanhar os movimentos de construção dos conhecimentos dos alunos.

                 Essa consciência de que o ambiente escolar não pode ser descrito apenas por uma única
           variável favorece o processo de discussão e reflexão entre os pares, o que gera uma qualidade
           nova para o ensino. Essa visão do grupo dos gestores é de grande importância, uma vez que
           são eles que articulam as discussões na escola e têm um papel fundante na transformação
           desses dados num instrumento de reflexão para o ensino.
                 Diante das  reflexões apresentadas,  a seguir, apresentamos  algumas considerações  a
           respeito do assunto abordado nessa escrita.








           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                 134
           FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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