Page 42 - Ação integrada de formação de professores
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Young (2007) menciona as crises  enfrentadas pela escola, que visa, num primeiro
           momento, formar o aluno dando-lhe uma titularidade. Num segundo momento, visa prepará-
           lo para o mercado de trabalho. Ao refletir sobre as funções da escola tradicional, que estão em
           confronto, faz referência a três argumentos relacionados:


                                 O primeiro é que, embora as respostas para a pergunta [...] inevitavelmente expressem
                                 tensões e conflitos de interesses na sociedade em geral, os responsáveis por decisões
                                 políticas no campo  da  educação,  os  professores  no serviço  ativo e os  pesquisadores
                                 educacionais  precisam tratar dos propósitos específicos das escolas.  O [...] segundo
                                 argumento é que há uma  ligação entre as  expectativas emancipatórias  associadas  à
                                 expansão da escolaridade e a oportunidade que as escolas dão aos alunos de adquirir
                                 o “conhecimento poderoso”, ao qual eles raramente têm acesso em casa. Em terceiro
                                 lugar, [...] a diferenciação do conhecimento é uma forma baseada em princípios de se
                                 fazer a distinção  entre conhecimento  escolar  e não-escolar. Formas  contemporâneas
                                 de responsabilidade estão ameaçando enfraquecer as fronteiras entre o conhecimento
                                 escolar e o não-escolar, com a alegação de que essas fronteiras inibem um currículo mais
                                 acessível e economicamente mais relevante. Eu me reporto à análise de Basil Bernstein
                                 para sugerir que seguir esse caminho pode ser negar as condições para a aquisição de
                                 conhecimento poderoso aos alunos que já são desfavorecidos pelas suas circunstâncias
                                 sociais (YOUNG, 2007, p. 13-14).

                 Lima (2009), ao refletir sobre a aprendizagem, estabelece diferentes relações entre o papel
           da escola, do professor e do aluno. Visualiza outras perspectivas e contextos educacionais,
           nos quais, talvez, não estejamos cumprindo nosso papel de formador, numa educação de fato
           efetiva ou significativa para o aluno. Nesse sentido, apresentam-se dois grandes desafios: a
           aprendizagem por mediação  num contexto de globalização, ocasionada  pela tecnologia;
           e a inclusão escolar, não só de alunos com deficiência, mas dos alunos de modo geral, em
           função de dificuldades enfrentadas pela sociedade atual. Esses desafios remetem a propostas
           pedagógicas inovadoras, que contemplem uma estrutura curricular interdisciplinar com temas
           transversais, num contexto de competências e habilidades, cuja base curricular nos submete a
           mudanças ocasionadas pelas políticas públicas.
                 Nóvoa (2018), em “Aprendizagem não é saber muito”, discute o papel do professor
           nesses novos contextos, sendo um deles o desafio de dar conta da informação e das novas
           tecnologias no processo de aprendizagem, o que exige mudanças na formação inicial e
           continuada. Segundo o autor, precisamos “usar o potencial” das tecnologias, sem substituir
           a necessidade de um bom professor; ou seja, é preciso valorizar seu papel. O mesmo autor
           também cita a transição do individual para o coletivo, observando que o professor não vai
           trabalhar  de forma individual para um aluno individual, mas, sim, de forma coletiva, em
           grupos de professores, para todos os alunos no coletivo, o que nos faz pensar na figura do
           professor como um mediador.


           2.1.1 A aprendizagem por mediação docente num contexto de globalização

                 O mundo muda numa grande velocidade. A globalização e o surgimento de tecnologias
           relacionadas à telecomunicação e à informática impactam a educação, promovendo maior
           interação entre os sujeitos e mudando posturas. O professor deixa de ser um mero transmissor
           de conhecimentos para ser um mediador  ou orientador, um incentivador, nos  processos
           educacionais,  sem  deixar de ser uma figura importante para o aluno, pois seus conceitos,
           atitudes e habilidades são respeitados pelo discente.




           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   41
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