Page 61 - Ação integrada de formação de professores
P. 61
proposto. Antes de “passar” um conhecimento para os alunos é primordial, portanto, que esse
conhecimento tenha “passado” pelo professor, isto é, tenha se tornado um modo seu de situar-
se na cultura e na sociedade.
Acima sugerimos que o professor deve fazer uma espécie de exame de consciência prévio
acerca do que o assunto de sua aula representa como percepção sua no âmbito da cultura e da
sociedade. Agora sugerimos outro “exame de consciência”, num momento posterior à interação
pedagógica. Trata-se de uma autoavaliação no sentido de averiguar se a sua percepção da
temática da aula se modificou ou não após o encontro com os alunos, a fim de verificar se
efetivamente assumiu a aula como uma situação também de aprendizagem sua, de revisão do
seu pretenso conhecimento, de reavaliação de sua importância como um dado cultural digno
de ser trabalhado com os alunos. Enfim, trata-se de uma avaliação na qual o professor busca
saber se efetivamente conseguiu colocar-se como um polo também aprendente da situação
pedagógica.
Entendemos que o objetivo do ensino é a aprendizagem dos conteúdos de ensino que
a escola trabalha de forma sistemática para que os alunos possam inserir-se na cultura e na
sociedade. Essa inserção na cultura e na sociedade exige um pensar sobre a ação educativa para
além dos seus processos internos. Não basta o aluno ter sucesso na escola ou na universidade.
É desejável que os conhecimentos aí veiculados/construídos possam ser mobilizados face aos
desafios da vida, aos quais cada um responde a seu modo. Fornecer um bom repertório para
responder aos desafios é a razão de ser das instituições educativas.
Quando um conteúdo de ensino é realmente aprendido, ele muda alguma coisa na vida
do aluno. Mas, para isso, a aprendizagem deve ser significativa, ou seja, tocar em algo na vida
do aluno, perturbá-lo de alguma forma, transformando-o no seu modo de ser e conferindo-
lhe novas capacidades. Em outros termos, o aluno só aprende de modo significativo se sair
modificado de uma aula ou após uma sessão de estudos.
De modo geral, o caminho para uma boa aprendizagem não tem atalho. Ele passa por
um professor competente e por um aluno dedicado. No caso do professor, não há técnica,
material didático ou auxílio tecnológico que possa substituir o seu papel. Tecnologias e outros
materiais podem subsidiar uma aula, mas não conseguem testemunhar, frente aos alunos, o
que vale para uma pessoa aprender as coisas que são ensinadas. Já no caso do aluno, não há
fórmula mágica capaz de evitar o seu esforço, a sua concentração, o dispêndio de energia. Em
termos de aprendizagem, não há aquisições sem investimentos correspondentes. O que custa
pouco para aprender é pouco valioso como aprendizagem.
3 “RETALHOS” DA EXPERIÊNCIA DO PERCURSO FORMATIVO
O conjunto das atividades desenvolvidas no decurso da formação continuada, cujo
ponto de partida encontra-se no seu planejamento, culmina nos encontros presenciais e no
acompanhamento das postagens docentes como resposta às atividades propostas e é concluída
com uma avaliação sistematizadora junto aos professores. Esse movimento permitiu-nos
elaborar algumas percepções sobre a totalidade desse itinerário formativo. Das percepções
elaboradas, quatro pontos merecem destaque: dois referem-se à dimensão da gestão e dois à
dimensão do pedagógico.
1) A importância da formação continuada. Ao avaliarem a referida formação continuada,
os professores reconhecem a importância deste tempo-espaço para leitura, estudo,
reflexão, discussão e também para a avaliação do próprio ser-fazer docente.
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 60
FORMAÇÃO DE PROFESSORES