Page 66 - Ação integrada de formação de professores
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o debate sobre o tema, em busca de posicionamentos em defesa de uma escolarização
caracterizada como experiência produtiva e repleta de sentido.
O aprender ocorre em diferentes espaços e tempos. Entre os múltiplos locais onde
os seres humanos constroem aprendizagens, a escola destaca-se enquanto local formal e
institucionalizado de convivência e de aprendizagem. Trata-se de uma instituição educativa,
caracterizada como tal por oportunizar o encontro de sujeitos inacabados, que interagem com
os educadores, com os colegas, com o ambiente e com o conhecimento que permeia tal relação.
Assim sendo, é um lugar de sistematização de saberes, de circulação de subjetividades e da
diversidade cultural.
A escola é regida por leis que lhe dão sustentação e definem as diretrizes e bases da
educação. Além disso, é composta por uma série de normas e regras que sistematizam seu
funcionamento. Todavia, o que a constitui, de fato, é o grupo que a compõe, configurado pela
diferença e pela multiplicidade de sujeitos. É esse grupo que define sua história e suas marcas.
Enquanto instituição, a escola tem a responsabilidade de promover a transformação
social, pois, por meio de suas estruturas e práticas, modela sujeitos de acordo com seus
pressupostos. O tipo de sociedade e de ser humano são resultantes do tipo de práticas, das
formas como são construídos os saberes e os entendimentos, o que amplia a responsabilidade
social da escola, que pode libertar/emancipar, ou pode massificar/reproduzir relações de
poder.
Nesse sentido, cabe perceber que as relações escola e sociedade são complexas, posto
que, ao mesmo tempo em que a escola forma o cidadão que compõe a sociedade, ela é marcada
pelas influências do Estado, que determina suas formas de organização. Aqui reside um ponto
importante para reflexão, posto que a escola pode ser mera reprodutora das determinações
socioculturais, ou pode ressignificá-las, sendo agente de transformação social, por meio dos
saberes e práticas produzidos em seu interior.
1 Ponderações sobre Aprendizagem e Escolarização
A escola é formada por aspectos instituídos e instituintes. Os aspectos instituídos
compõem o conjunto de regras, normas e características duradouras, que garantem a
manutenção da escola. Já os instituintes são os movimentos do coletivo, os tensionamentos
e pressões por mudanças, os desafios que surgem, as propostas de mudanças que aparecem.
Como afirma Marques (2006), as aprendizagens construídas na mediação da escola são pré-
figuradas no imaginário social, antes de constarem no Projeto Político Pedagógica (…); a escola
se coloca como instituinte pelos que nela atuam (profissionais da educação e comunidade
humana particular).
Isso equivale a dizer que a escola necessita manter sua unidade, trabalhando
competentemente com sua função de produção/multiplicação de conhecimentos e de
transformação social, como, também, ouvindo e reforçando as diferenças, no diálogo, na busca
de entendimento nas negociações entre os sujeitos.
No pensar de Marques (2006), a escola só existe e atua com seus instituintes internos. Os
grupos que nela subsistem se mantêm em virtude dos objetivos amplos a que a escola se dedica
e em virtude das articulações amplas e persistentes por ela exigidas (precisa da resistência que
ela oferece). O coletivo da escola desenvolve força e se articula, porque passa a conhecer-se e a
desenvolver laços de pertencimento, o que gera poder. Enquanto grupo, os sujeitos adquirem
AÇÃO INTEGRADA DE SUMÁRIO 65
FORMAÇÃO DE PROFESSORES