Page 63 - Ação integrada de formação de professores
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mais cedo à escola, onde permanecem muito mais tempo que outrora, diminuindo
                     consideravelmente sua convivência com os pais e familiares. Não é por outra razão
                     que a escola passou a assumir funções que antes não lhe eram atribuídas, mas das
                     quais, agora, parece impossível furtar-se. Ademais, podemos ainda nos perguntar
                     se, de fato, quando uma criança entra na escola, já não se trata de uma transferência
                     de responsabilidades,  inclusive, por ser o lugar, por excelência, culturalmente
                     legitimado e legalmente autorizado, onde se educa. Por isso, parece até razoável que
                     quanto menos  as  particularidades  das  famílias  se  interpuserem, mais  universal  a
                     escola consegue ser.


           4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

                 A escola se inscreve na cultura humana como um lugar próprio, que porta a missão de
           transmitir às novas gerações o conjunto de saberes do qual a humanidade é depositária. Nela
           a tradição das diversas áreas de saberes é sistematizada e, intersubjetivamente, ressignificada
           num processo que pressupõe o testemunho de alguém que hermeneuticamente anuncia o que
           sabe aos que pouco sabem. À vista disso, a escola tem uma especificidade: a instrução e a
           formação.

                 Em seu fundamento republicano e democrático, a escola pública necessita assegurar a
           aprendizagem atravessada de princípios éticos, políticos e estéticos, num horizonte formativo
           laico, democrático e inclusivo, que visa à qualidade da educação e à equidade dos processos
           de  aprendizagem.  Por  conseguinte,  cabe ao  professor  valer-se  de  sua  autoridade  docente
           (republicana) para desenvolver um processo de ensino e aprendizagem envolto numa
           tonalidade afetiva que reconhece no aluno um ser de direitos e a escola como locus de realização
           de um projeto de educação nacional, que almeja a plena formação humana com vistas a uma
           cidadania cosmopolita.

                 Destarte, se nossa condição humana é de sermos inacabados e sempre necessitados de
           cuidados e ensinamentos, parece-nos que a escola é, ainda, um lugar especial, de tempo livre para
           ser-junto-com, para apreender a cultura humana nas suas mais contraditórias facetas, para viver
           experiências de alteridade, para sonhar e, fundamentalmente, para receber, paulatinamente, a
           delicada missão de seguir fazendo um mundo comum. Quiçá cada criança encontre na escola um
           acolhimento especial e, no olhar de cada professor, a confiança em aprender. Que em tempos
           de mudanças velozes, a escola se volte para a sua potência e seja uma voz dissonante ao insistir
           em valores como solidariedade, justiça social, sustentabilidade planetária, direito à diferença e
           à igualdade e aos valores democráticos, como conhecimento poderoso.


           REFERÊNCIAS

           ARAGÃO, L. M. de C. Razão comunicativa e teoria social crítica em Jürgen Habermas. Rio de
           Janeiro: Tempo Brasileiro, 1992.

           ARENDT, H. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2002.


           BOUFLEUER, J. P. Pedagogia da ação comunicativa: uma leitura de Habermas. Ijuí: UNIJUÍ, 1997.

           CARVALHO, J. S. F. Algumas Reflexões sobre o Papel da Escola de 2  Grau. In: Revista
                                                                                    o
           Paulista de Educação Física. São Paulo: suplemento 2, p. 36-39, 1996.



           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   62
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