Page 67 - Ação integrada de formação de professores
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força e podem mais facilmente expressar seus anseios e suas necessidades e construir uma
           identidade que passa a ser reconhecida.
                 Cabe, então, perguntar: o que efetivamente constitui a escola? O que constitui a escola
           não é o dogma, mas as vivências, as negociações, as relações de escuta e de fala, que se
           estabelecem no interior dessa instituição. Por essa razão, é salutar que o sujeito tenha vez e voz
           nesse contexto, ou seja, que ele possa exercer com autonomia e liberdade a fala e a escuta, sendo
           acolhido pelo grupo, fazendo parte dele de fato e de direito. O estabelecimento de diálogo
           pressupõe saber, parâmetro; não há receituário, nem laboratório, porque é uma ação que se
           consolida no movimento cotidiano, na própria ação entre sujeitos.
                 Está na base de um projeto de escola, o desejo dos que a instituem, a fazem e a refazem
           dia a dia, dando-lhe vida real e efetividade. A escola nunca é uma realidade dada de vez. No
           enfrentamento da mobilidade e da diversidade de seus mundos, os sujeitos ancoram numa
           realidade conhecida e institucionalizada, seus próprios desejos e utopias, compartilhadas com
           seus outros (JOVCHELOVITCH, 1994, p. 63-83, in: MARQUES, 2006). Conforme o autor, a
           história da instituição é construção e circulação de sentidos, que exigem compreensão na rede
           de articulações, no cenário do imaginário social.  Articula-se o imaginário da escola  com  o
           imaginário social amplo, e, na escola, articulam-se os imaginários individuais e grupais de seus
           componentes.

                 Por ser esse universo de movimento,  de transitoriedade e de ação coletiva, em que
           interagem sujeitos distintos, a escola não pode ser regida por comportamentos padronizados,
           nem a metodologia pode trazer respostas para todas as interrogações com as quais se depara.
           Em outras palavras, não é o método de ensino que resolverá as problemáticas educacionais.
           As metodologias utilizadas no contexto escolar são, de fato, significativas e necessitam ser
           constantemente repensadas, a fim de qualificar o processo de ensino e aprendizagem.
                 Contudo,  não são  os  únicos  aspectos  a serem discutidos.  Buscar  soluções  para os
           impasses, para os problemas e as dificuldades com os quais a escola se depara envolve uma
           reflexão bem mais aprofundada, em que se inserem questões de base, como política, autoridade,
           responsabilidade,  verdade, respeito, cultura e educação,  pois todas elas estão relacionadas
           com as formas de organização e de funcionamento do sistema educacional e com os modos de
           organização da vida em sociedade em geral.


           2 O Papel do Educador no Processo de Ensinar e Aprender

                 A ação do educador precisa ter e transparecer sua intencionalidade, sustentada num
           planejamento que passa por questões como a gestão da escola e seu compromisso profissional
           com a educação. O educador não pode descuidar-se de sua formação, de sua preparação para
           atuar competentemente na sua disciplina ou área do saber. Também não pode descuidar da
           sua  competência  ao  propor  situações  de  aprendizagem,  nas  quais  os  estudantes  de  fato se
           apropriem dos saberes e se tornem capazes de realizar escolhas com bom senso.

                 Como afirma Nóvoa (2015), o professor deve ajudar o aluno a transformar a informação
           em  conhecimento.  Para o  autor, o  que define  a aprendizagem não é saber muito, mas
           compreender bem aquilo que sabe. Desse modo, os educandos precisam desenvolver a
           capacidade de estudar, de procurar, de pesquisar, de selecionar, de comunicar. Nesse processo,
           o professor é insubstituível, porque, na interação diária em sala de aula, o educador ensina a
           pensar e a estudar, o que requer a aquisição de bases e fundamentos que permitam pensar e
           criar. O incentivo e a exigência fazem parte do fazer docente, auxiliando os educandos, desde


           AÇÃO INTEGRADA DE                                                      SUMÁRIO                   66
           FORMAÇÃO DE PROFESSORES
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